11/11/23

"Smart urbanism" e o lidar com tal paradigma em portugal?

Do “espaço das redes” e “cidade dos bits” (1990s), ao “smart urbanism” (sobretudo 2010s), passado pelas “cidades digitais” (2000s). E as cidades de Portugal? A cidade é uma notável criação humana que, na sequência da revolução industrial, requereu propostas reformistas bem como um urbanismo moderno. Uma história, que inclui e.g Ebzner Howard (nascido em Londres em 1850, que viajou aos EUA de onde regressa em 1876 e cria a “Garden city association” em 1899), a cidade linar de Soria e Matta em 1822, e a cidade industrial de Garnir em 1899-1917. O pós-guerra divulga a cartiha de planeamento moderno, só criticado após a década de 60. Então, exponenciou-se a precepção de uma dificuldade de intervenção/controle estatal do urbano, a condição dos centros históricos e subúrbios metropolitanos, etc. Bem como a experimentação de novos paradigmas para lidar com o “imprevisto” (Portas etc), incluindo instrumentos de regulação variável, articulação com planeamento estratégico, etc etc. No seguimento do desenvolvimento da sociedade pós-industrial desde os anos 60, sobressaiu também na década de 90 um paradigma urbano denominável como “espaço de redes” (Castells) ou “cidade dos bits” como “etopia” (Mitchell). Sendo que se vivenciava-se um contexto complexo da vida das cidades (globalização, turismo, informacionalização, etc). Na transição para o século XX, protagonizaram tentativas de novos paradigmas como a “cidade criativa” (Florida, etc). Por vezes, incluso, refrenando a promoção da “cidade digital” avançada pela “Sociedade da informação” na contemporânea transição de século, que via no layer digital contributo para um metaterritório de vivência humana com benefícios e prejuízos. Em 2008 teve início o alerta de uma primeira crise económica, prosseguiram alertas em torno do imperativo da sustentabilidade, e em 2019/21 o abrandar imposto pela pandemia Covidis 19. Às dificuldades de planeamento sentidas entre 1970/2000, parece se ter acrescido a ideias em torno da ideia de um “smart urbanism”, intensamente baseado nas TIC. Várias empresas (incluindo e.g. IBM, Cisco, Google ou Amazon, etc) vêm desenvolvendo o que entenderam como plataformas de ou para uma “smart city”. E o chavão tem se generalizado desde os anos 2010s. Lidar com este paradigma em Portugal, para além da atenção a questões já existentes no planeamento (dificuldade de planeamento, governo e gestão, eficiência de infraestruturas/ e serviços, e democraticidade, etc), reclama a meu ver que não se deixe de contemplar uma reflexão crítica acerca do planeamento participativo, a qualidade de vida na cidade (que não consegue ser de ”15 minutos” para todos) e do espaço púbico, a crise de acesso à habitação e imperativo de salvaguarda ecológica (bem sentida pelas gerações millenium e outras), a proteção e o "big data", e a eminente presença de uma alegada “inteligência artificial” (que deve coexistir com uma “consciência” humana).

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