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Uma escola de arquitectura, a cidade do Porto e o desenho (VItruvius)

Título: Uma escola de arquitectura, a cidade do Porto e o desenho Autor: Gonçalo Miguel Furtado Cardoso Lopes, PhD Palavras chave: Escola, Porto, Cidade, Arquitectura, Desenho Bio: Gonçalo Furtado é licenciado pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, Mestre pela Universidade Politécnica da Catalunha e Doutorado pela University College of London. Tem lecionado em programas de licenciatura, mestrado e doutoramento, sobretudo na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Integrou o corpo editorial de várias revistas, e publicou como autor diversos livros e artigos, e integrou o comissariado ou comissão científica de vários colóquios e exposições. Foi alvo de várias premiações. Resumo (introdução): i. Resumo (introdução): O presente texto foca-se numa Escola de arquitectura portuguesa, enquadrada pela cidade o Porto, protagonistas que encetaram distintos modelos pedagógicos, e no papel aglutinador nessa detido pelo desenho. Enquadra-se uma sequência de momentos, com início na “Aula de debuxo” do século XVIII e o ensino “Beaux-arts” na passagem ddo século XX. Seguido pelo período moderno de Carlos Ramos, e salientando eventos determinados, como “os inquéritos urbanos” na “Arquitectura analítica” ministrada por Octávio Lixa Filgueiras nos anos 60. E, por fim, o período que passa pelas “experiências” de transição dos 60s para os anos 80s, e a integração universitária em que protagonizou a personalidade de Fernando Távora. Após a “recusa do desenho”, o “SAAL” (1974-76), aglutinara a escoa à volta da questão social do desenho. Considerando-se que uma exposição realizada em 1987 (não por acaso em torno do desenho) consistiram numa estratégica busca de identidade. Neste evento, o corpo docente da recém criada FAUP (1979-84), aglutinou-se em torno de uma verdadeira sistematização teórico-histórica, de um património (que então e talvez ainda hoje) de sobremaneira era reconhecível pelo (ou em torno) do desenho. … ii. Considerações finais As “Aulas de debuxo” (1779-1803) consistiram o antecedente do que hoje é internacionalmente reconhecido como Escola do Porto. A história da Escola do Porto deve ser enquadrada pela cidade de onde emergem e seus desenvolvimentos urbanísticos. Desde início do século XX, várias publicações que foram surgindo asseguraram a consolidação profissional no país, assegurando a publicação de desenhos projectuais produzidos. Em termos de associativismo, igualmente operaram instituições que asseguraram a defesa e debate disciplinar. Vários marcos cronológicos constituíram também desta evolução, o período de 1900 a 1930/40s, 1940/50s a 1960s, e de 1960s/70s a finais dos anos 80s. A estes períodos associamos protagonistas maiores que dirigiram a escola: José Marques da Siva, Carlos Ramos e Fernando Távora. Se o protagonismo do modelo “Moderno” (que substituira o “Beaux-arts”) foi procedio ddo de evolução “Orgânica” e “Terceira via”; Os anos 60s reinvindicaram um maior papel à disciplina. Em tal processo releva o papel de personalidades que se devem valorizar, como o colega contemporâneo de Fernando Távora - Octávio Lixa Filgueiras – e a implementação dos “Inquéritos urbanos” em “Arquitectura analítica”, entre outros. Se em determinado momento ocorreu uma recusa do desenho”, (o que muitos como Távora nunca haviam chegado incluso a abandonar), com a revolução democrática ed 1974, e o programa de “Serviço apoio ambulatório local” por arquitectos (SAAL), será em torno da imprescindibilidade do “desenho” que a escola se reencontrará. Seguiu-se um processo de integração universitária, que teve como protagonistas Fernando Távora entre outros (1979-84), Em 1987 é realizada uma exposição intitulada “Desenho de arquitectura: Património da ESBAP e da FAUP”. Mostra patrimonial baseada em desenhos ao longo de 1,5 séculos (1807 e 1959). A análise e Joaquim Vieira incluída no catálogo, intitulada “Seis casos da colecção de desenho da FAUP”, pretendeu estabelecer agrupamentos de acordo com o relevo que o desenho estabelece com o projecto e/ou realidade. É difícil entender a ausência no seu ensaio a (não) referência a alguns desenhos e autores expostos, como Alfredo Viana de Lima, entre outros. Ou ainda a painéis gráficos dos teóricos Octávio Lixa Filgueiras e seu colaborador Arnaldo Araújo. Sabe-se no entanto que o primeiro acabou a sua carreira na escola de Lisboa, e o segundo ausentou-se em parte da sua carreira académica para investigação na Faculdade de Letras. Certo é que por detrás deste evento expositivo existiu uma tentativa de “identificação” do próprio curso/escola do Porto. E isto, não obstante essa não ter incluído desenhos entre 1959-87. Evento marcante, dentro da história mais ampla de séculos da Escola do Porto, história onde sobressaierm personalidades que a dirigiram (seja em tempos de Marques da Silva, de Carlos Ramos ou de Fernando Távora). Mas também o contexto da cidade, as publicações e associativismo nacional, e muitos outros detalhes que incluem reformas pedagógicas, projectos e planos, ideias, e por autores (como e.g. Lixa Filgueiras nos anos 60/70s) hoje nem sempre valorizados na dimensão que então tiveram. Compreender a complexidade esta história até à sedimentação da Faculdade de arquitectura da Universidade do Porto, que usufrui de um reconhecimento internacional na transição dos anos 80/90s, é relevante num momento de transformação da predita Escola do Porto, num século XXI, de ensino de massas, globalização, novos desafios, e aparente ameaça de crise.

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