2/28/24

EUROPA

EUROPA: AS VIAGENS FAZEM-SE PARA VOLTAR A CASA Gonçalo Furtado, PhD i. Comecei a fotografar nos anos 80, com uma Agfa emprestada pela minha mãe. A minha primeira máquina foi uma 35mm Olimpus comprada em Londres, e depois uma grande Nikon F4, comprada na Ásia, que quase não usei. Insistindo no preto e branco, experimentei grandes formatos, mas nos 90s optei pela portabilidade de pequenas Minoxs e Rolei e, depois, Poloroids a cores. Durante alguns anos, preferi não ter máquina, comprando, sobretudo quando viajava, descartáveis. Em início dos anos 2000s, acedi ao digital, usando por exemplo uma Sony, e ao longo das últimas duas décadas usufruo da qualidade oferecida a partir os telemóveis, portáteis e sempre omnipresentes. Até 1993 passava o meu tempo livre revelando num laboratório improvisado na garagem da casa dos meus pais. As primeiras fotos que publiquei deve ter sido numa revista intitulada Mente, a convite do meu chefe de escuteiros João Armando, a primeira exposição individual foi no “Fimagem” (1993), e a primeira aprendizagem formal terá sido na minha passagem pela ETAC-ARCA (1992/93) e, depois quiçá, em torno da semiótica da imagem em jantares com o professor Fernando Lisboa a partir e 1999. Durante a licenciatura, após 1993, na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, publiquei em números da revista “Unidade” poloroids de uma viagem a Nova Iorque (número 5 1995), bem como uma fotomontagem/colagem (número 6). Desde o início dos anos 90s contribui com fotografias, esporadicamente, para algumas exposições colectivas. Nos anos 2000s dediquei-me sobretudo á escrita. Mas em 2011, com o nascimento do meu filhote, voltei a fotografar com mais regularidade, registando momentos quotidianos, e desde 2019 votei a expor individualmente. Saliento “Paisagem e corpo: No espaço e intimidade, 2011-2019” no Centro de artes e espetáculos de Sever do Vouga (2019), “Pele” no Redshoes (2019/2020); “Paisagem e regentes agrícolas” na ESAC (2020); “Untitled 2018/2019” no Moleiro da Costa Má (2020/2021); “Aos cabos” na galeria de “A Camponeza” (2021); “Atlas 2017-2021 no Grémio Operário de Coimbra (2022); Coimbra 2011-2021; na “Loja 0”/APBC (2022); “Europa 1.1. Portugal. Coimbra 2011-21” na TiErmelinda (2023); “América 1995-2012” na galeria Extéril do Porto (2022); “North América: first cut” (versão vídeo editado com Eduardo Condorcet) no Coola-Boola (2023); “África, natureza e pessoas” (exposição simultânea com homónima de A. Oliveira) no Conservatório Calouste Gulbenkian de Aveiro (2023); e fotografias de arquitectura a convite do professor Victor Neves na plataforma on-line Archallenge (2023). Constato que, exponencialmente as exposições focaram imaginários urbanos, bem como resultaram em catálogos, desde cidade próxima em transformação (Coimbra), para imaginários urbanos inspiradores de vários continentes. Em 2022, a APBC publicou “Europa: Portugal: Coimbra (2011-2021]; bem como, em “transcontinentalidade”, a sequência de utopias urbanas da “América”. Em 2022 a Escola de Artes do Conservatório Calouste Gulbenkian publicou, em coautoria minha com António Oliveira, “África, natureza e pessoas”, bem como “América, utopias e transitoriedade”. Prevê-se a publicação, com a mesma co-autoria, de catálogo focado na Ásia. Os catálogos de exposições incluíram pequenos textos, de Suzane Strum (2019); Assunção Ataíde (2022); do director da Escola de Artes do Conservatório Calouste Gulbenkian (2023), e de Daniel Tércio (2023). Uma publicação intitulada “Coimbra II”, com fotografias minhas acompanhadas por textos do escritor Nuno Camarneiro, foi também preparada para a APBC em 2023. ii. A presente exposição foi delineada com o título “Europa: As viagens fazem-se para voltar a casa”, foca imaginários urbanos da cultura sobretudo do continente nos mais próxima da Europa, fotografados aproximadamente desde que era adolescente em 1989 e o nascimento do meu filhote em 2011, a quem dediquei a exposição e publicação. Aquando da preparação da presente exposição para o Centro Cultural Penedo da Saudade do Instituto Politécnico de Coimbra, a energia admirável da sua directora Cristina, impeliu-me à redacção deste pequeno texto a integrar no catálogo. Tal suscitou-me naturalmente à presente reflexão sobre o meu percurso pessoal, a fotografia, feita ao longo e múltiplas viagens, e a arquitectura e cidade. A viagem faz-se para conhecer outras culturas e espaços, mas em tempos precisos do nosso próprio conhecimento. Já a fotografia, é - creio - uma prática artística específica. De imediato recordo da reflexão produzida por Maria Filomena Molder, na sessão “O espaço da imagem” que recentemente moderei com António Oliveira na Fundação Instituto Marques da Silva do Porto, no âmbito do ciclo “Espaço, escrita e pensamento”. Bem como da entrevista que concedi a Catarina Prata, aquando da sua dissertação académica “A eternização da arquitectura: Arquitectura e imagem fotográfica”.

No comments: