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FERNANDO TÁVORA (1023-2005): MEMO, NO CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO

FERNANDO TÁVORA (1023-2005): MEMO, NO CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO / (por Gonçalo Furtado) I. / Permitimo-nos fazer uma pausa, para referenciar Fernando Távora, nascido há 1 século, e que possui protagonismo crucial em teremos de ensino e práctica da arquitectura em portugal./ Fernando Luís Cardoso Meneses de Tavares e Távora (1923-2005), formou-se pela Ebap (1952), fez parte do Odam, bem como do Ciam-porto, tendo participando nos 3 últimos até ao Xº de Dubrovnik (ex-jugoslávia), bem como na reunião dos Team X em Otterloo. Em termos teóricos diga-se que logo em 1945, com 22 anos, Távora abordara o predito ‘O problema da casa portuguesa’, referindo: “Estabeleceu-se (é o termo) que a nossa habitação tradicional era caracterizada por um determinado número de motivos decorativos que começaram a aplicar-se, esquecendo o elementar princípio de que a arquitectura não serve os motivos, mas estes pelo contrário, lhe estão submetidos. Daquele apriorismo errado nasceram habitações que não representam mais do que um catálogo de elementos decorativos tirados das velhas casas dos séculos XVII e XVIII, e outros até estranhos à nossa arquitectura civil. […] Existe nas ‘casas portuguesas’ - e podemos afirmá-lo sem receio - uma mentira arquitectónica’. [1] Mais tarde, em 1962, publica ‘A organização do espaço’ [2], central à pedagogia de uma Teoria geral da organização do espaço na formação da escola do porto. Cedo tornando-se protagonista de uma modernidade orgânica adequada à realidade portuguesa. [3] / O seu Coda consistiu numa moderna Casa sobre o mar (ca.1952), posteriormente evoluindo para desenho com gravidade e inserção na historicidade. A abordagem ganha nos anos 80 o que denominaram por gravidade, e a sua actividade foca-se na intervenção patrimonial. Culmina em trabalhos como a ampliação da Assembleia da república etc. Entre as obras projectos que relevam de sobremaneira, poderiamos incluir a Casa sobre o mar (1952?), Ramalde (1952-60), a Casa de ofir (1957-58) ou o Mercado de Vila nova da Feira (1954-59). [4] Nos anos 70/80 [5] centra-se num enfoque patrimonial em Guimarães, incluindo praças e casas (Briteiros etc) e o restauro da pousada do convento de Santa marinha da costa (1972-85 (o qual se destaca por ter recebido o Prémio nacional de arquitectura em 1988), bem como a adaptação do convento de Refóios em Ponte de lima (1987-93). Nos anos 90, empreendeu trabalhos sensíveis como o Anfiteatro de direito da Universidade de coimbra (1993-2000), a praça adjacente à Igreija de santa cruz (e seu espelho de água), a ampliação da Assembleia da república [6] (em coautoria com Siza Vieira, 1994-9) o Palácio do freixo (1995-2003) [7] e a Casa dos 24 no Porto (1995-2003). Hoje, o Instituto fundação Marques da silva, alberga hoje o seu espólio, sendo que vários críticos dedicaram escritos vida e obra de Fernando Távora, com ddestaque para Trigueiros [8], Mendes [9] ou Bandeirinha [10]./ III. / Referências: [1] Fernando Távora, O problema da casa portuguesa, in: Aavv, Aloé, Lisboa, 11 novembro 1945. O escrito foi reeditado em 1947, vd: Fernando Távora, O problema da casa portuguesa (cadernos de arquitectura, N.1), Lisboa: Organizações, 1947. [2] - Fernando Távora, Da organização do espaço, Porto: Esbap, 1962?. [3] Vd. Constituição da APAO por Bruno Zevi. [4] Enquanto estudante de teoria do 2º ano, de MLAC (professor Manuel Mendes), equivalente à actual disciplina de Teoria 1, realizei como primeiro trabalho uma crítica à casa de Ofir. [5] Nuno Portas, Arquitecto fernando távora: 12 anos de actividade profissional, in: Aavv, Arquitectura, N.71, Lisboa, julho 1971, p.11-13. [6] Projecto original de Ventura Terra. [7] Projecto original de Nasoni. [8] Luiz Trigueiros (ed.), Fernando távora, Lisboa: Blau, 1993. Luiz Trigueiros (ed.), Casa de férias em ofir: Fernando távora 1957-1958, Lisboa: Blau, 1992. [9] Manuel Mendes (ed.), Fernando Távora: minha casa: uma porta pode ser um romance, Porto: Faup/Fims, 2013. Manuel Mendes (ed.), Fernando távora: minha casa: prólogo, Porto: Faup/Fims, 2013. [10] José Bandeirinha, Fernando távora: modernidade permanente, Porto: Casa da arquitectura, 2016.