5/10/24

"CULTURA ARQUITECTÓNICA E URBANA EM PORTUGAL (2001-2021): A PROPÓSITO DO LANÇAMENTO DE SÉRIE DE LIVROS-MANIFESTO POR VICTOR NEVES"

MASTER-CLASS, UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA, 15 MAIO 2024 / "CULTURA ARQUITECTÓNICA E URBANA EM PORTUGAL (2001-2021): A PROPÓSITO DO LANÇAMENTO DE SÉRIE DE LIVROS-MANIFESTO POR VICTOR NEVES" ___________________________________________________ (Gonçalo Furtado, Universidade do Porto). / A presente comunicação, intitulada “Cultura arquitectónica e urbana em portugal (2001-2021): Master class de lançamento de série de livros-manifesto por Victor Neves)” será estruturada em 3 comentários./ i. O primeiro comentário, versará o autor, professor Victor Neves. Como se apaixonou pela arquitectura enquanto estudante em Lisboa, o seu doutoramento na Universidade Politécnica da Catalunha em programa dirigido por Josep Muntanhola, a visão pedagógica de foco urbano que imprime na Universidade Lusíada de Lisboa e, por último, um comentário á sua obra projectual de arquitectura (e.g. o Hospital de 2002-2003 ou a Escola de 2000-2002 e 2008-2009) bem como á escala urbana com especial destaque para a intervenção na Marginal de Esposende de 2006-2007)./ ii. O segundo comentário, inicialmente far-se-á referência ao relacionamento estabelecido com o autor Victor Neves, desde uma primeira carta sobre a “geração de 90” que publicou na revista Arq/a (ca.2000), ao nosso debate com Nuno Grande etc na Casa da água (2008), e posteriores actividades conjuntas, incluindo sessões sobre metodologia no programa de doutoramento “Index” (ca.2009-2011), na comissão cientifica da revista “Sebentas de arquitectura”, no programa de “aulas abertas” da FAUP (ca.2022), em Masterclasses sobre “cultura urbana” (ca.2023), ainda o eminente debate por si concebido para dentro de semanas no Centro cultural de Cascais (2024), bem como a concepção conjunta de uma exposição retrospectiva para futuro próximo (2025). / A título meramente exemplificativo, já há mais de uma década, no âmbito de número dedicado à cidade da predita revista “Sebentas de arquitectura”, escrevia Victor Neves no seu editorial de 2011: “The City is an inevitable theme of the architectural universe. In general, it defines the intervention of architecture in the urban environment, but also defines a concept of rule, a rule that architecture establishes in the territory colonized by man. The city is also an institution of civilization, a sophisticated man-made habitat and a place of centennial confluence of knowledge and art . The continuous and uncontrolled growth of urban areas, the lack of city limits, the lack of housing, the lack of basic infrastructure, social exclusion and a huge ecological footprint, are some of the problems affecting contemporary cities, worsen by the continued, uncontrolled and dispersed occupation of rural territories. The city has form and so the city has design. And in that extent, the city is a work of art”. (Neves, 2011) / Depois, focar-se-á cultura arquitectónica e urbana em Portugal, no período compreendido entre 2000-2020. Designadamente, destacar-se-á o papel exercido pela revista Arq/a, criada por Victor Neves em 1999, desde a concepção experimenta do seu número 0 até a um derradeiro último número sobre Alvar Aalto em 2021. (Uma muito breve referência será feita a livro que se encontra e a ser editado pela Universidade Lusíada de Lisboa, com os escritos com que para aquela contribui ao longo 2 décadas). Deparamo-nos com uma realidade de ausência de revistas físicas. / iii. O terceiro comentário, versará o debate urbano contemporâneo, incluindo considerações pessoais sobre temas urbanos também focados em 3 livros manifestos concebidos por Victor Neves. / Inicialmente, far-se-á referência ao urbanismo moderno, e à especificidade do “manifesto” teórico moderno, formato caracterizado por uma escrita directa e crítica, (por vezes ilustrado como é o caso do desenho por Victor Neves). Relativamente ao primeiro par de livros, farei referência ao seu primeiro livro-manifesto "A cidade núcleo: manifesto para uma cidade concentrada" (Neves, ca.2010), bem como a capítulos do meu livro “A sobrevivência da cidade pós-industrial (Furtado, ca.2022). Entre outros aspectos, desde logo como bem referia Victor Neves em 2010: "[...] um novo urbanismo terá de emergir. A “cidade híbrida” terá de organizar não só a estrutura urbana, integrando várias valências funcionais que se hibridizam, mas terá de desenvolver, organizar e reagrupar o espaço rural, provavelmente reintegrando-o no espaço urbano, integrando novas valências que têm de responder às alterações ambientais e climáticas. [...]". (vd. Victor Neves, ca.2011, p.24) / Depois, farei referência ao segundo livro-manifesto de Victor Neves, agora publicado, com o relevante explícito título “A cidade núcleo: manifesto para uma cidade híbrida" (Neves, 2024). / Por fim, farei ainda referência ao importante tema próximo livro manifesto Victor Neves dedicado à Inteligência artificial, bem como ao post "Smart urbanism" e o lidar com tal paradigma em Portugal?” (Furtado, 2023). / E facto, como cumpre referir: “cidade é uma notável criação humana que, na sequência da revolução industrial, requereu propostas reformistas bem como um urbanismo moderno. Uma história, que inclui e.g Ebzner Howard (nascido em Londres em 1850, que viajou aos EUA de onde regressa em 1876 e cria a “Garden city association” em 1899), a cidade linear de Soria e Matta em 1822, e a cidade industrial de Garnir em 1899-1917. O pós-guerra divulga a cartilha de planeamento moderno, só criticado após a década de 60. Então, exponenciou-se a percepção de uma dificuldade de intervenção/controle estatal do urbano, a condição dos centros históricos e subúrbios metropolitanos, etc. Bem como a experimentação de novos paradigmas para lidar com o ‘imprevisto’ (Portas etc), incluindo instrumentos de regulação variável, articulação com planeamento estratégico, etc, etc. No seguimento do desenvolvimento da sociedade pós-industrial desde os anos 60, sobressaiu também na década de 90 um paradigma urbano denominável como ‘espaço de redes’ (Castells) ou ‘cidade dos bits’ como ‘etopia’ (Mitchell). Sendo que se vivenciava-se um contexto complexo da vida das cidades (globalização, turismo, informacionalização, etc). Na transição para o século XX, protagonizaram tentativas de novos paradigmas como a ‘cidade criativa’ (Florida, etc). Por vezes, incluso, refrenando a promoção da ‘cidade digital’ avançada pela ‘Sociedade da informação’ na contemporânea transição de século, que via no layer digital contributo para um metaterritório de vivência humana com benefícios e prejuízos. Em 2008 teve início o alerta de uma primeira crise económica, prosseguiram alertas em torno do imperativo da sustentabilidade, e em 2019/21 o abrandar imposto pela pandemia Covidis 19. Às dificuldades de planeamento sentidas entre 1970/2000, parece se ter acrescido a ideias em torno da ideia de um ‘smart urbanism’, intensamente baseado nas TIC. Várias empresas (incluindo e.g. IBM, Cisco, Google ou Amazon, etc) vêm desenvolvendo o que entenderam como plataformas de ou para uma ‘smart city’. E o chavão tem se generalizado desde os anos 2010s. Lidar com este paradigma em Portugal, para além da atenção a questões já existentes no planeamento (dificuldade de planeamento, governo e gestão, eficiência de infraestruturas/ e serviços, e democraticidade, etc), reclama a meu ver que não se deixe de contemplar uma reflexão crítica acerca do planeamento participativo, a qualidade de vida na cidade (que não consegue ser de ‘15 minutos’ para todos) e do espaço púbico, a crise de acesso à habitação e imperativo de salvaguarda ecológica (bem sentida pelas gerações millenium e outras), a proteção e o ‘big data’, e a eminente presença de uma alegada “inteligência artificial” (que deve coexistir com uma ‘consciência’ humana)”. (vd. Furtado, 2023, https://www.blogger.com/blog/post/edit/8966911032876631134/8209029141227768441):

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