1/10/08

Ao Fernando Lisboa

Ontem faleceu Fernando Lisboa; professor de arquitectura, semiótico e meu melhor amigo na faculdade de arquitectura da universidade do porto. Tendo sido um pioneiro no ensino do então emergente projecto de arquitectura assistido por computador em Portugal, Fernando criou ao longo da ultima década um intenso interesse pela práctica do projecto como comunicação e política, tal como pelas estruturalizações semiológicas (via proto-pragmatismo americano) como suporte e possibilidade da sociabilidade. Neste contexto realizou um doutoramento que parece ser, até á data e no dominio da arquitectura, o mais importante trabalho sobre Charles Pierce. Acresce-se a este, a relevãncia da sua precedente prova de apetidão pedagógica tal como um conjunto que artigos cientificos que, dada a quatidade reduzida e circulação, ainda não viram reconhecida a sua real importância para lá da faculdade e um restrito circulo de colegas. No ultimo par de anos, o interesse de Fernando começava a inclinar-se, entre outros assuntos, para performances semióticas mais espontâneas, i.e. relacionadas com os fenómenos da vida e mesmo das materialidades inorgânicas. Deixou por realizar a ideia de um livro, pequeno e perverso, que secretamente escreveria contra a ideia de desenvolvimento enquanto desenvolvimento continuo. Esta questão, que comporta uma dimensão biografica - i.e. a vida do Fernando e a suas ideias enquanto intelectual sobre a sociedade e suas temporalidades - , está no entanto aludida no jogo dialéctico que se sente num par de artigos realizados no período que medeia as duas provas académicas a que se sujeitoiu e que fez circular em policopiado. Deixa a lição de um homem gentil e genuinamente distraido, de um professor competente, organizado e generoso, e de um intelectual humilde, reservado mas dotado de grande profundidade e potencial.

2 comments:

Maria Emanuel said...

o adeus a um professor que queria sempre mais da sua disciplina acreditando nas potencialidades dos seus alunos e que tinha sempre uma palavra simpática a cada passagem nos corredores da FAUP

newzeeland said...

Fico muito triste com a notícia, Foi um Amigo que vai deixar saudades ,com o qual aprendi muito e que me incentivou a estar onde estou hoje .