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UMA CONVERSA SOBRE DESENHO E ESCOLA. Ca. 2021-22 (José Maria Lopes, com Gonçalo Furtado).

UMA CONVERSA SOBRE DESENHO E ESCOLA. Ca. 2021-22 (José Maria Lopes, com Gonçalo Furtado). / 1. / GF - Estudaste na FBAUP? / JML – Sim. / GF - Quando eu frequentei desenho na FAUP, em 1993 o grupo era constituído pelo pintor Joaquim Vieira, o escultor José Grade, o pintor Paulo Frade, o pintor Pedro Maia, talvez a arquitecta Luísa Brandão, e no segundo ano, em 1994, o designer Francisco Providência e acho que o pintor Vitor Silva. O Vitor deve ter ido de sabática, porque lembro-me de o encontrar em Veneza no Verão de 1994 ou 1995. Mais tarde, na transição do século os professores mais velhos reformaram-se, talvez por volta de 2000. E os mais novos em determinado momento também saíram, o Maia e o Providência para Belas Artes, e penso que o Frade para Aveiro. Entretanto o grupo envolveu o Armando Ferraz e a Marta Seixas, bem como a Raquel Pelayo, o Lino Fernandes. Em que ano é que ingressaste na FAUP? / JML - Entrei em 2000, para a FAUP, como Assistente estagiário. / GF - Em 2000, o regente do 1º ano era o Joaquim Vieira, e, no 2.º ano, o Vítor Silva que substituiu o Alberto Carneiro. / JML - Sim, já estava o Vítor. Penso que era a primeira vez que estava como regente no 2º ano. O Joaquim Vieira no primeiro. / GF - A equipe de colegas com quem foste trabalhando. Terá incluindo o José Manuel Barbosa e, só mais tarde, a Noémia Gomes. / JML - Tinha como colegas o Armando Ferraz, o José Manuel Barbosa, o Lino, a Raquel Pelayo. Também se encontrava uma colega que, entretanto, faleceu, a Marta Seixas. / GF – Em determinada altura o Lino saiu. A equipe manteve os outros; mas depois entrou mais uma série de pessoas. / JML - Depois foram entrando assistentes. / GF - O grupo foi usufruindo de muitos professores convidados para suprir saídas. E a quantidade de turmas, incluso, aumentou em determinado momento entre 2009-2012. / JM - Sim, temos convidados já há bastante tempo. Alguns docentes trabalham connosco há mais de 15 anos e sempre como assistentes convidados. / GF - O grupo tem sido constituído praticamente pelos mesmos. / JML - O corpo está estabilizado porque somos quase sempre os mesmos. Mas não, não há uma estabilização do corpo propriamente dito. / GF – O Desenho 1 Incluiu, por exemplo, o Luís Fortunato, que saiu, e ingressou nas Belas artes. / JML – Correcto. O Luís saiu. / GF – Ou o designer Marco Camarneiro. / JML - O Marco está de dispensa sabática. / GF – A equipa de Desenho 1 até ao início da 1º década do século XX, talvez 2008, era constituída pelos professores Joaquim Vieira, José Maria Lopes, José Manuel Barbosa, Armando Ferraz, Raquel Pelayo, Noémia Gomes e Marco Mendes. E depois entraram, simultaneamente, há mais de 10 anos, o Ricardo Leite e o Nuno Sousa. Só mais recentemente o Jorge Abade e o Filipe Matos? / JML – O Filipe e o Jorge são professores mais recentes. A Sofia Barreira também tem estado connosco episodicamente. / 2. / GF - Em 2000, o espaço, a direção, o que se passava na faculdade, era diferente. Que memórias tens como um artista que chega aqui? / JML – Bastante boas. O Joaquim Vieira permitiu uma integração no grupo disciplinar sem sobressaltos assim como um acompanhamento pedagógico que devo salientar. Por outro lado, o facto de no Desenho sermos todos da área das Belas Artes dava e dá, alguma consistência ao grupo. Parece-me bem e a manter. Quando eu vim para cá, havia menos docentes, éramos só 6 e 6 turmas. Portanto, havia menos corpo docente e menos corpo estudantil. / GF - E mais tempo para estudar, acho que não havia tantas interrupções e talvez mais aulas, permitindo maior exploração? Requereu adaptação, redução ou simplificação de exercícios? / JML – A Desenho 2 havia mais tempo. Também não existiam tantas interrupções letivas; o ano começava mais cedo e acabava mais tarde, havendo mais aulas. Isso permitia uma exploração mais aprofundada das diversas questões programáticas… que tiveram de ser adequadas a esta nova realidade, que tem menos horas lectivas. / GF - E memórias da escola quando entraste, em 2000, que penso começava a ser dirigida pelo Domingos Tavares, acho que fez 2 mandatos, talvez 8 anos. / JML - Era o Domingos Tavares. Eu tenho uma memória muito residual do Tavares enquanto director, porque quem trabalhava diretamente com o Tavares e com os órgãos de gestão era o Joaquim Vieira. / GF - E depois foi o Francisco Barata, talvez por volta de 2007. / JML - E depois foi Carlos Guimarães… / GF – E, há poucos anos, o João Pedro Xavier. Portanto, no presente século, temos aqui quatro períodos ou gestões diversas. / JML - O conhecimento que eu tenho da escola é feito em regime de retrospectiva… Entrei como assistente estagiário e depois passei a assistente. Apanhei a antiga carreira docente. Num período mais inicial da minha presença na FAUP, as grandes questões relacionadas com a instituição escapavam ao meu conhecimento. Tinha poucas funções atribuídas - era professor, dava aulas, coordenava com o Joaquim Vieira e com o Vítor Silva, e pouco mais. Curiosamente, notava na figura do regente um certo peso hierárquico. Passo a explicar, o Joaquim Vieira tinha mais 30 anos do que eu. A longa e louvável carreira que já tinha enquanto professor de desenho nesta instituição acabava por estabelecer um relacionamento bastante formal. O Joaquim Vieira e o Vítor Silva acabaram por se tornar elementos fundamentais naquilo que foi a minha formação pedagógica. Portanto, tenho que os saudar por esse serviço, por essa educação que tiveram para comigo. Falo por mim, pessoalmente, naquilo que foi a minha formação como professor e que, neste momento, acabou por também ter os seus frutos nas minhas funções enquanto regente. / GF - Por volta de 2005, acabaste por substituir o Joaquim Vieira durante a sua sabática. Em 2009 concluíste o doutoramento. / JML - Em 2005, primeiro, e depois em, 2009, quando passei a ser o Regente de Desenho 1. Portanto, em 2005, houve uma espécie de experiência, para o Vieira aferir se eu teria as capacidades para dar continuidade à regência de Desenho 1. / GF - Relações com outras cadeiras do ano, etc. A sala de desenho, é na torre H, e é uma das imagens da faculdade, aquela cobertura tipo Alvar Aalto Tive lá aulas de desenho, tinha condições especificas com aquela entrada de luz, que funciona bem. / JML – A sala tem 2 zonas: Tem uma zona que potencia desenhos de claro-escuro, que é a parte de dentro em que a iluminação é cortada (porque realmente não entra luz devido a essas próprias inclinações e à orientação das aberturas). E tem uma que tem grandes janelas e que é muito mais iluminada. São situações diferentes. A sala interior, potencia trabalhos relacionados com os fenómenos da luz e da sombra, e a de fora, desenhos mais analíticos, lineares, mais da área da relação mensurável do que da percepção sensível. / GF - E ao subir passa-se por salas de projecto. / JML - Desenho e Projecto funcionavam no mesmo edifício H. Mesmo que indirectamente, tal situação permitia uma possibilidade de visualização e de discussão acerca dos trabalhos realizados. Podíamos subir e descer e ir a uma sala de projecto ver o que é que se estava a passar. Tal era frequente, sobretudo em épocas de avaliação. Havia convites para vermos os trabalhos estavam a ser feitos em projecto. Lembro-me de conversar bastante com o Mário Mesquita e com o José Júlio. / GF - Quem era o professor? Em Projecto do 1º ano, ao Sérgio Fernandez seguiu-se o José Manuel Soares. / JML - Que eu me lembre, quando comecei a visitar as salas de Projecto, o regente era o José Manuel Soares. Independentemente disso, e antes de assumir funções como regente de Desenho 1, havia sempre aquilo que é a nossa conversa de assistentes, isto é: “Olha o que eu estou a fazer aqui; Como está a tua turma de desenho?” / GF - Em relação à arquitectura aqui do Porto, há um bocado a ideia de que o desenho é a base do processo de projecto de arquitectura. O desenho é entendido, usado, e a definição coincide com a vossa? / JML – Há duas perguntas que se podem colocar: “Um arquitecto pode ser arquitecto sem ter tido desenho?” Repara, há tanta faculdade que é um exemplo disso, portanto, pode. Agora: “um arquitecto pode ser arquitecto tendo formação em desenho?” Também. / GF – Considero que o desenho é imprescindível e uma mais-valia. / JML – Concordo. O Desenho é, para mim, uma ferramenta imprescindível no desenvolvimento projectual. / GF – E, por outro lado, é um factor, que também me parece muito importante e chave naquilo que é uma distinção da nossa escola. / JML – Sim, o Desenho, entendido até num sentido mais lato, é um dos factores de distinção da FAUP. / GF - Distingue-a pelo uso dele como força motriz, confere-lhe um grau identitário. / JML – Faz parte da sua identidade. A herança que encontra no Desenho uma matriz, acaba por conferir à FAUP uma distinção muito particular. É, também, uma das razões pela qual a FAUP é procurada, em particular por estudantes que viram o Desenho desaparecer dos conteúdos programáticos dos cursos das faculdades de proveniência, estudantes Erasmus sobretudo. / GF - E o desenho é um instrumento usado em muitas unidades curriculares, não é só em projecto, é transversal. / JML - Claro. O Desenho é completamente transversal a todas as unidades curriculares do primeiro ano e a todas do segundo. No terceiro ano a sua presença já não se nota do mesmo modo. Todavia, as opcionais são da área do Desenho e continua a haver uma relação com o pensamento projectual relacionado com o fazer à mão, isto é, explicar projecto por desenho. / GF - Mas como método de investigação em qualquer área também, aqui na faculdade qualquer docente, esquissa e fala com o desenho. / JML - Falar por desenho… isso é uma marca identitária. E acho que é uma marca a não perder. Acho que é uma mais-valia. Sou de opinião que, na realidade, só se conhecem e se percebem determinado tipo de coisas se se desenharem. Um pouco como na medicina, ou em outras áreas do saber, tens de experimentar para ver. Há matérias que é assim. / GF - Pelo desenho, quanto melhor ou mais desenhares uma coisa, melhor a conheces. Quanto melhor a conheces, melhor a desenhas. / JML - Portanto, uma espécie de uma pescadinha de rabo na boca, não é? Tu só olhas realmente para uma coisa, quando tens que a desenhar ou tens que escrever sobre ela. São, é modos diferentes. / GF - O desenho e a escrita têm esta capacidade de poderes pensar sobre as coisas, muito, para as poderes conhecer melhor. / JML – Há sempre filtro, e que se educa. / GF - Quando eu estou a representar um determinado tipo de coisas, estou sempre operar sobre a realidade. Eu não estou a fazer uma cópia da realidade tal e qual, eu estou a operar criativamente sobre uma coisa. / JML – O que eu vou fazer? como é que eu vou fazer? o que é que eu vou desenhar e o que é que vou omitir? são processos importantíssimos de decisão. A composição, por exemplo - que é uma das coisas fundamentais em qualquer atividade artística - só se explora e consegue adquirir com o tempo e a práctica. O tempo é um termo que adquire importância significativa no aprendizado do Desenho. É preciso tempo para se desenhar. O estudante precisa de tempo assim como os docentes para poderem trabalhar com os estudantes. Referimos, frequentemente, que Desenho 2 devia ter mais tempo de contacto. E devia haver mais até opcionais de desenho. / 3. GF - Olha, só por curiosidade, posso-te perguntar assim muito rapidamente sobre a história da minha área disciplinar. Tens alguma referência de pessoas como o Fernando Távora, Octávio Lixa Filgueiras, o Jacinto Rodrigues, Beatriz Madureira, Teresa Fonseca, etc. Ao longo da conversa faço a proposta que obviamente falemos de personagens chave como Alexandre Alves Costa, Domingos Tavares etc. Já não te deves recordar de outros como o Correia Fernandes, o Graça Dias, etc. / JML – Távora, a referência mas não tive contacto. Aliás, só tomei contacto com alguns dos nomes que referiste, como o Graça Dias, a Teresa Fonseca ou o Domingos Tavares. Sempre de modo abreviado. / GF – E do período que ingressaste, desde 2000 tens alguma memória de professores de Teoria? Por exemplo o Manuel Mendes que deu a Teoria do 2º ano pela primeira vez no meu ano de 1994? / JML - Tenho… Era o cadeirão, não era? A célebre Teoria do Manuel Mendes… / O Manuel Mendes, que acho que desde 1994 deve ter estado no 2º ano e em 2008 ido para o terceiro ano. / Gostava imenso de conversar com ele. Não conversei muitas vezes… Todavia foi sempre desafiante. Os estudantes quando tinham Teoria eram convidados a pensar e a problematizar. Não se tratava apenas de uma questão livresca. Não! Tinham que saber pensar. As conversas que eu tinha com o Manuel Mendes comungavam um pouco disso… Os assuntos eram os mais diversos e as conversas acabavam por ter um tom deambulatório. / GF - Deambulatório? / JML - …sobre teoria! E era fantástico. Implicava, sobretudo, a capacidade em te posicionares criticamente sobre qualquer que fosse o assunto da conversa. Era preciso saber coisas para poder dizer outras coisas, não é? E eu gostava disso. / GF – Era intensamente afável, ainda que, muito pontualmente e quando necessário, também pudesse ser um bocadinho cáustico. / JML - Sim, mas ele sabia… reconhecia e usava esse lado mais provocador intencionalmente… Nas conversas que fui tendo com ele, essas qualidades de discussão que ultrapassavam o livro, o físico e que passavam do texto para a especulação provocadora sempre foram do meu agradado. / GF – Esta parte, obviamente, tem mais a ver comigo ou com minha área, e menos com o resto. / JML - Sim, tem mais a ver com a tua área. Muitos dos nomes que elencaste, e como disse anteriormente, apenas conversei episodicamente. / GF – Claro. E da tua área? / JML – Quando ingressei na Faup os meus dois principais interlocutores eram o Vítor Silva e o Joaquim Vieira. Falávamos, em particular, das matérias do Desenho. Mesmo actualmente, e independentemente do assunto, a conversa é sempre complexa. / 4. / GF - Tu começaste a regência em 2009, penso que foi em 2012 que entrou aqui Bolonha, penso que a direcção do Francisco Barata remete talvez a 2006/2007. / JML - Ao longo dos anos a minha vivência na escola começou a cruzar-se com os diversos órgãos da faculdade. Num espaço de tempo de 9 anos, aquilo que é a minha memória de um assistente que vem dar aulas (e que o faz o mais competentemente possível) e que tem um supervisor que é o Joaquim Vieira, aos poucos foi-se transformando, acabando por resultar na minha nomeação como Regente da UC Desenho1. / GF - Depois começaste a ter outras responsabilidades, e estiveste no pedagógico muitos anos. / JML - Também estive no pedagógico. Que acabou por me começar a garantir o acesso, por necessidade, a outros órgãos. E depois comecei a ter responsabilidades diversas. Comecei a ser convidado para várias coisas, por exemplo, também estive no curso EAPA. / GF – O Pedagógico foi muito tempo dirigido pelo Rui Brás? Também trabalhaste com ele. / JML - Trabalhei com o Rui Brás, mas trabalhei pouco. Já numa fase de fim de mandato de pedagógico… era ele o presidente, o vice-presidente era José Manuel Soares. A memória que eu tenho do Rui Brás, é de alguém que já tinha uma experiência enorme no cargo, que conhecia os mais pequenos meandros relacionados com o funcionamento do órgão. Já tinha muito jogo de cintura… E o todo funcionava, com serenidade, chamemos-lhe assim… / GF - O Conselho pedagógico é constituído por 4 docentes e 4 alunos, sendo que em caso de desempate o presidente tem voto de qualidade. Só a título de curiosidade, o actual Pedagógico é dirigido pelo José Miguel Rodrigues, tem como vice o Mário Mesquita, e por outro lado tu e o Luís Viegas. / JML – Tenho um especial apreço pela constituição deste pedagógico. / GF – Retomando outros “fóruns”. Nós, lembro-me que estivemos na comissão de transferências talvez uns 2 anos. Não sei se nos cruzámos em alguma comissão de ingresso especial, maiores que 23, etc. / JML – Durante 10 anos fui presidente da comissão de reingressos, transferências e concursos especiais: a CERT. Aos pouco foram-me sendo atribuídos outros cargos. / GF - O EAPA é o Estudos avançados em projecto de arquitectura. / JML – O Curso de Estudos Avançados em Projecto de Arquitetura, foi um curso para o qual fui convidado pelo Carlos Guimarães para fazer parte do corpo docente. / GF - Isso é só mais para a frente. A altura do Barata. Algures entre 2007 e 2014. / JML - A altura do Barata foi uma espécie de transição. (Ainda não estava no pedagógico). Entre aquilo que era a função de um assistente, para um caminho que se começou a trilhar, mais personalizado e, simultaneamente, com responsabilidades que foram sendo acrescidas. E ao longo do tempo até esta data. Com a manutenção, sempre da regência, de desenho. / GF - Há uma atura em que a escola começou a crescer, para uma escola mais de massas. / JML - Sim. Foi a partir daí. / GF - Mais turmas talvez? / JML - As turmas começaram a ser maiores, passaram de 6 para 8, porque já nem sequer conseguíamos ter capacidade logística. Foi durante a minha regência que se processou essa mudança, todavia, não consigo precisar o ano. / GF - Isto envolve a procura de estudantes que querem ter desenho, mas também a integração dos estudantes de Arquitectura Paisagista na unidade curricular de desenho. / JML - Que veio fazer com que a Desenho 1 engrossasse 2 turmas. Este aumento processa-se apenas a Desenho, e não implica mais nenhuma unidade curricular. / GF - Quando é que aconteceu essa articulação com a Arquitectura paisagista, talvez em meados ou na segunda metade dos anos 2000? / JML – Não tenho a certeza do ano. A regência ainda era feita pelo Vieira. / GF - Não sei se se sedimentou a oportunidade potencial, de relação também com essa instituição. / JML – Penso que não. A articulação com AP resume-se, sinteticamente, às actividades lectivas… / GF - A faculdade em tempos também discutira a relação com outras áreas ou cursos, como o de Design. / JML – A situação é análoga… a articulação é reduzida… / GF - A Faculdade de Ciências deve ter achado que a formação base dada pela Faculdade de Arquitectura era boa. E, portanto, articularam entre instituições a possibilidade dos estudantes fazerem desenho connosco. / JML - Integrados nas nossas turmas. Tal corresponderia àquilo que seriam os seus anseios. / GF - E não nas Belas artes. / JML - E não nas Belas artes. A mim parece-me bem, em particular porque o desenho que nós ensinamos não é o que se ensina nas Belas artes. Há uma vertente mais ligada àquilo que são as questões arquitectónicas. / GF - E para vocês, vias diferenças ou desafios pedagógicos, entre alunos de arquitectura e os de arquitectura paisagista. / JML - Há algumas diferenças, em particular naquilo que são formações. Nós temos uma formação híbrida de base, com estudantes que vêm de ciências ou de artes. Por seu turno, os estudantes de paisagismo são todos de ciências. Vêm, grosso modo, com uma falta de literacia artística maior. Naturalmente, tal não deve ser entendido como uma maior ou uma menor capacidade em representar ou em desenhar, mas de conhecimentos prévios. / GF - Mas essa literacia é importante para aprender o desenho? / JML - Isto é assim: nós fomos aprimorando a pedagogia do desenho. Desde que ingressei na FAUP, que as matérias sempre foram adaptadas, aprimoradas, os exercícios foram revistos, outros surgem, outros são deixados porque deixaram de fazer sentido. Há sempre uma revisão pedagógica que não opera por corte radical, mas por aquilo que é uma evolução natural derivada das necessidades que vamos encontrando. / GF - Estás a falar sempre do primeiro ano. / JML - Estou a falar do primeiro ano. / GF - Porque no segundo, presumo que o Vitor quando volta não tenha deixado de aproveitar pedagogicamente coisas do Carneiro? / JML - Sim. Penso que sim… / O segundo ano tem um programa que foi altamente reduzido em termos de carga horária, E, portanto, teve que fazer adaptações muito grandes àquilo que era o programa. / GF - O segundo ano têm 3 + 1 horas semanais, anual ou semestral? / JML - Basta isso – Desenho 2 termina quando terminam as semestrais. Por vezes articula com Projecto 2 e consegue prolongar o ano lectivo. / GF - Das gerações do Carneiro, do Quadros, do Grade, da Luísa Brandão, etc, ficaram bons resquícios. / JML - Há, há alguns. Os estudantes não notam isso. Notamos nós, mais como herança educativa. Eu cheguei a ser aluno do Grade nas Belas-Artes, por exemplo. / 5. GF - Tu quando estavas nas Belas artes, do que te lembras do cursos de arquitetura? Como é que das artes os viam? / JML - Lembro-me. Havia, geralmente, uma segmentação. GF - Os escultores eram os gajos que estavam debaixo das árvores a descansar fisicamente, que aquilo deve cansar mais... / JML – Eu era do lado da escultura. Era sujo. Nós encarnávamos a matéria suja. E os arquitetos e os de design a matéria limpa. E isso distinguia-se, até visualmente. No bar, no restaurante, cá fora, até por grupos de contaminações de interesses. Mas tive, felizmente, óptimas relações com os estudantes de arquitectura nos anos em que lá estive. / GF - Tinham alguma cadeira juntos? Tinham professores comuns? / JML - Não tínhamos cadeiras juntas. Mas tínhamos grupos de discussão. Isto é sentávamo-nos, - arquitectos, com designers, com escultores - à mesa, e depois conversávamos: “O que é que estás a fazer em desenho? Ah, isso? Epá, a gente faz isto”, comparávamos, víamos as diferenças. Era interessante. Isso era uma mais-valia. Os estudantes mais arruaceiros eram os de escultura. Não literalmente, mas antes no sentido de a própria matéria de trabalho potenciar o lixo. Imagina-te com uma rebarbadora em mãos e com uma pedra calcária - fazes uma poeirada tremenda. Ninguém se chega ao pé de ti, se quiseres que as pessoas se afastem (risos) é apontares para quem vá a passar. As pessoas fogem. Mas lembro-me disso com muita saudade. Mas lembro-me, sobretudo, da possibilidade dos estudantes poderem cruzar, aprendizados muito distintos. Os arquitectos, saíam, iam aos jardins e viam os escultores a trabalhar. Eu saía e ia a uma sala de projeto. / GF - Em que ano é que tu saíste? / JML – Por volta de 1988/1989. / GF - Estavam lá alguns anos de arquitectura e alguns já aqui. / JML - Sim, alguns estavam e outros estavam aqui. Quando eu entrei, ainda estavam muitos lá, quando eu saí, só estava primeiro e o segundo. Penso eu que foi assim. / GF – Alguns professores, quiçá, ainda davam aulas em ambos cursos. / JML - Sim, o Grade dava aulas a ambos os cursos. Aliás, um ano, o Grade foi substituir um professor meu que teve um acidente. E essa flexibilidade, até de os professores poderem cruzar de um lado para o outro a fronteira dos cursos, tinha a sua graça. / GF - O Grade foi meu professor, e com a Luísa Brandão estivemos os dois a aulas no mesmo ano de Projecto. / JML - Eu e o José Manuel Barbosa entramos na FAUP porque saíram o Grade e a Luísa Brandão. Quando fui entrevistado para ingressar na FAUP quem era a única pessoa que eu conhecia? O Grade. O Grade estava nas entrevistas e ele lembrava-se de mim. / GF - Também me estava agora a lembrar que se calhar estivemos juntos em exames. Pelo menos. Com o Vítor fiz, acho que também fiz contigo... / JML - Aquelas provas dos maiores de 23? / GF - Sim. / JML - Sim, fiz. Também fui responsável pelas mesmas. / GF - O Grade e a Luísa Brandão durante algum tempo continuaram a dar os cursos Desenhar Desenhando. / JML - Sim. Eles tinham um curso a que chamavam desenhar, desenhando, que foram deixando aos poucos. Aliás, o curso manteve-se mais 1 ou 2 anos e depois parou. / GF - Fizeste doutoramento aqui, 2009. / JML – Sim. / GF - Deste período coincidente com a direcção do Barata, que memórias tens no espaço da faculdade. / JML – Foi durante a direcção do Barata que comecei a ter mais relações com a instituição derivadas, em particular, do facto de ter sido nomeado regente a Desenho 1. Tivemos sempre relações muito cordiais. Estive com ele e com a esposa no Brazil no âmbito de um intercâmbio com a USP, em que se abordaram relações entre Desenho e Projecto. Foi fantástico! / GF - Acho que eles foram lá dar um semestre ou uma cadeira ou algo, devia ter projecto e desenho. / JML - Sim, foi mais ou menos isso. E foi uma situação muito, muito, muito agradável. Era só projecto e desenho. Além do Francisco Barata e da Madalena também estiveram o Sérgio Fernandez, o Alves Costa, o Vítor Silva e eu. Foi dentro desse contexto que fui desenvolvendo uma relação de maior proximidade com o Alves Costa e com o Sérgio Fernandez. / GF - Nessa altura se calhar já tinham saído da faculdade, mas após a primeira década do século XXI ainda estiveram ligados também ao PDA. / JML – Não consigo precisar. Todavia, foi a partir dessa altura que comecei a tomar um maior contato com a instituição no seu todo e com as pessoas que, de algum modo estavam cá também há mais tempo, e não apenas com os novos docentes. / GF - O Alexandre Alves Costa dirigiu a escola após a transição das Belas artes e integração universitária, e antes das direcções dos que antes mencionei. / JML – Tive sempre sempre óptimas relações com as diferentes direções que a escola foi tendo ao longo dos anos que referiste anteriormente. Sobre a direcção do Alves Costa, pouco posso adiantar. Todavia, devo frisar que sempre me senti generosamente acolhido pela instituição. / GF - Há pouco falava das equivalências/transferências, mas também me pediam para acompanhar visitas à faculdade. / JML – Estive nas “transferências” mas, antes disso, estive nas equivalências. / GF - E nem sei se havia despachos a nomear… Já nem me lembro como é que isto era? / JML - Eram coisas diferentes. Nós éramos nomeados pela direção para 3 ou 4 coisas diferentes: uma delas eram as equivalências de grau... Outra, eram as transferências, frequentemente de pessoas que queriam vir para aqui estudar mas que não tinham grau. Ainda havia as nomeações para os exames para os maiores de 23. Lembro-me tão bem disso… Posteriormente, foi constituída uma comissão que se responsabilizava pela gestão dos diversos concursos, da qual fui presidente, e que convencionámos chamar CERT. / GF - Concursos especiais de reingressos e transferências. / JML - Ou seja, englobam o que anteriormente referi, incluindo os concursos especiais. Apenas ficam em regime diferenciado as equivalências de grau. / 6. / GF - Olha, e isso dá-te alguma percepção, de alguma mudança na comunidade estudantil? Por exemplo, atraímos mais estrangeiros! / JML - Dá! Cada vez há mais estudantes estrangeiros a quererem vir para cá. Abrandou, naturalmente durante a pandemia. / GF - Mas há sempre uma procura grande. / JML - São sempre mais as candidaturas do que as vagas. / GF - Se houvesse mais capacidade se calhar mais viriam. / JML - Sim. Provavelmente…. / GF - E é curioso que de muitos países. / JML - Sim. Há um pouco de tudo. / GF - A maior procura neste momento, acho que é do Brasil. / JML - Sim, são pessoas naturais do Brasil. / GF - Mas começa a haver candidaturas incluso de países que não havia, sei lá tipo Síria ou Afeganistão… / JML - Sim, também há. Já tivemos estudantes da Tailândia. Não é frequente, mas começam a surgir estudantes de diversos pontos do planeta. Mas a grande proveniência é de países como a Alemanha, a França, a Espanha, ou a Suíça. / GF - Itália, também, mas já se viu mais. / JML – Sim, naturalmente. Temos tido muitos estudantes de Milão, por exemplo, que frequentam o Politécnico. Procuram a FAUP, também pelo Desenho. / GF - Boas memórias? / JML - Eu tenho boas memórias das pessoas. E uma profunda amizade por algumas… / GF - O Francisco Barata era muito dedicado, e amável. / JML - Amável, para mim, sempre. Foi sempre muito prestável e sempre com um sorriso na boca. Sempre que me via no corredor fazia uma festa, quase que abria os braços, sobretudo depois que viemos do Brasil, em que nos começámos a conhecer melhor. Tenho uma boa recordação do Barata, quer pessoal, quer profissional. / GF - O Francisco Barata como director caracteristicamente estava muito tempo na faculdade. / JML - Sim. / GF - Estava muito presente, digamos assim. Com o Domingos Tavares já era assim, se houvesse qualquer coisa falava-se e resolvia-se na hora. / JML - Sim, havia um lado operativo que funcionava bem. Tenho uma boa memória de alguns professores com que me fui cruzando. Continuo a gostar de falar de Desenho com professores de projecto… O Rui Cardoso, o Mário Mesquita, o Luís Viegas, o José Júlio, a Raquel Paulino, entre outros… há um grupo alargado de pessoas que entende o Desenho como instrumento fundamental no desenvolvimento projectual. Mas estou a desviar-me do assunto… / GF - O Rui Cardoso, o Viegas etc, desenham bem também. / JML – Sim. Talvez por isso as conversas alongadas sobre Desenho, ainda que, por vezes, pontuais… / 7. / GF – Com o Carlos Guimarães a escola ficou mais branca, limpa, mas com um pouco menos poesia, talvez. Mais branca, porque o edifício foi reabilitado. Assegurou essa reabilitação necessária. / JML - …talvez. Talvez possa ser uma frase... Institucionalmente acabei por me relacionar bastante com o Carlos Guimarães, até por acréscimo de responsabilidades. / GF - Por estares em órgãos, no Pedagógico sobretudo… / JML - Sim. Mais envolvido na escola. Portanto, a envolvência na escola faz com que nos tenhamos de envolver com as pessoas. É mesmo assim. / GF - E tiveste de ter mais contactos profissionais com o Carlos Guimarães. / JML - Sim. Quase sempre situações profissionais, por vezes envoltas em algum formalismo. / GF - Não era os abraços nos corredores que há pouco mencionavas. / JML - Não, não era tanto. Era uma situação formal, mas funcional. Naturalmente, não tenho nenhum obstáculo quanto a isso. / GF - Nesse período acho que houve discussões dos planos de estudos, voltou a haver uma série… / JML - … Uma série de questões… / GF – Talvez por volta de 2015… / JML - … que envolveram a faculdade… Mas o grande problema apenso às nas unidades curriculares de Desenho estava relacionado o entendimento do Desenho no seio da Unidade Orgânica. Acresciam a esta questão assuntos como o decréscimo da carga horária, a possibilidade semestralização, entre outros… levantávamos algumas questões: como é que o Desenho se vai adaptar e, em última instância, sobreviver e reinventar?. Curiosamente, é no primeiro ano que Desenho vai garantir a sua maior presença. Entre outras razões, a estabilidade da UC Desenho 1 beneficiou do facto da UC não ter passado a semestral. Ficou anual, tal como Projeto 1. / GF - Por ti tinham ficado os 2? / JML – Sim, exatamente. Projecto e o Desenho ganharam uma consistência que é reconhecida quer pelos docentes quer pelos estudantes. Por outro lado, reduziu-se a carga horária em Desenho 2… / GF - E? / JML – Existe a percepção generalizada que a vontade da UP é, sempre que possível, tornar as UCs semestrais. Uma espécie de normalização. Penso que ser igual não é ser melhor! E compete-nos a nós reivindicar essa diferença. / GF - Exactamente. / JML – A título de exemplo: Desenho 1 já teve apenas 6 horas semanais - 3 + 3, - derivadas de ajustamentos de cargas horárias. No ano seguinte voltou-se à fórmula de 4 + 4 horas! Não foram apenas os docentes a mostrar descontentamento: foram os estudantes, também. E a opinião dos estudantes é, sempre, bastante valorizada. Se tivermos um corpo de 200 estudantes a dizer que não está bem, isso vai ter um determinado impacto. / GF - Não sabes em que ano é que isso foi? / JML - Não me recordo, tinha que ir ver. Também ainda não estava no pedagógico. Não consigo precisar. / GF - A área disciplinar de desenho é uma nuclear do ensino de arquitetura aqui da faculdade? / A mesma inclui outras UCs, como geometria, etc. / JML - Sim, Desenho tem algumas vertentes: Desenho1 e 2, Geometria, todas as opcionais de 3º ano… / GF - Mas há articulação entre as áreas? / JML - Há matérias que são transversais e, nesse sentido, abrem vias para que se possam estabelecer pontos de colaboração. Já fiz algumas coisas com a Alexandra, de Geometria. Tanto Geometria como Desenho se debruçam sobre questões relacionadas com a perspetiva. Todavia, as abordagens são distintas. A proposta de se trabalhar sobre um mesmo tema e poder discutir processos e resultados é uma mais-valia para todos. / Existem zonas de contaminação. / GF - Olha, mas também o facto dessas experiências serem, de algum modo, gratificantes, e terem sido realizadas às vezes, não sempre, têm repercussões no programa…? / JML – Não de modo directo. Trata-se de experiências pontuais derivadas das prácticas pedagógicas. Se sistematizadas, naturalmente, deverão ser incluídas no programa. / GF - São exceções e, portanto, não tem havido articulação entre estas UCs que estão dentro da mesma área chamada desenho. Também não vamos discutir se CAAD articula alguma vez ou não, ou que tipo de desenho é para ti… Conhecendo que tens um trabalho artístico que envolve muitas coisas, eu calculo que para ti qualquer médio seja… / JML - Sim, não sou fundamentalista. / GF - E já para não falar da fotografia, porque agora há opcionais com fotografia. / JML – Sim. Fotografia. Também temos FHRE (Figura humana e representação do espaço), no terceiro ano. / GF - Mas é dado por vocês? / JML - Este ano é por mim. Fui eu e o Vítor que montámos o programa dessa unidade curricular opcional… foi criada há mais de 10 anos. / GF - Penso que numa altura a escola procurou solicitar propostas de opcionais. / JM - Foi na altura de mudança dos planos de estudos. GF – O CAAD, quando estudei, acho que era fixo e depois passou a opcional. Seguiu-se uma diversificação de opcionais. / JML – CAAD e FHRE foram, durante algum tempo, as duas únicas opcionais que havia no terceiro ano. Primeiro foi CAAD, e depois surgiu FHRE. Posteriormente a oferta foi-se diversificando. / GF – Portanto há muitas cadeiras da área de desenho, obrigatórias ou opcionais, em vários anos. / Mas referindo-me, agora, toda a FAUP, há ainda reuniões de coordenação horizontal (no mesmo ano), e devia haver mais coordenação vertical. Talvez também fosse benéfico haver um sentido mais congregador das áreas, grupos e UCs, e o que são minudências internas da UC serem geridas no quotidiano para o melhor funcionamento dessa. Mais recentemente, em 2018, iniciaram-se as avaliações docentes na FAUP, (no meu caso compreendiam o período iniciado em 2008!) E depois seguiram-se concursos e afins, que, enfim… A verdade, é que a escola evoluiu para uma heterogeneidade de pessoas, com idades, ambições, formas de estar e competitividades muito diversas. Talvez venha ocorrendo uma certa pseudoprofissionalização ou burocratização no ensino superior, que pode aportar alguma degradação de relações entre pessoas e grupos... / JML - Avaliações e concursos… / Há sempre competição. Estamos sujeitos a responder a uma série de proposições que, de algum modo, pretendem avaliar as nossas competências enquanto docentes nesta instituição (FAUP). Fazem parte do elenco de solicitações a realização de papers, a participação em congressos, as comunicações proferidas, etc… De algum modo, quantifica-se o que é quantificável. Por outro lado, é muito difícil avaliar as capacidades pedagógicas. Isto é, a nossa função primária enquanto docentes. Temos de ser um pouco (ou muito) de tudo. Temos de ser artistas, arquitectos, temos de ser professores, oradores, investigadores… idealmente, também deveríamos ter assento nos diversos órgãos de gestão ou ter funções de outra ordem. É feita a aferição quantitativa do número de papers, ou de comunicações, mas não se afere a qualidade dos mesmos ou se somos competentes pedagogicamente. / GF - E por aí a diante… 1001 coisas… / JML - É complicado! / GF - Eles têm factores, por exemplo no âmbito das publicações… têm coisas que é o fator de impacto… têm coisas assim… Mas enfim. / JML - … é assim… / GF - Um regente tem o trabalho acrescido de conciliar universos de colegas e turmas de alunos diferentes, não comparáveis. Tem de gerir algumas coisas. / JML – Em Desenho temos oito turmas, oito docentes e, este ano, cerca de 230 estudantes. Dentro deste contexto a gestão e a coordenação afiguram-se sempre complexas. / GF – Pois em Teoria a média é 170, estive 1 década com todas as turmas práticas, cheguei a ter turmas com mais de 40 alunos. Em Desenho deves ter outro problema como com as distribuições de serviço, saber quem podes contar e se há turmas para todos os colegas que ao longo dos anos têm sido convidados? / JML - Houve uma altura em que, realmente, as coisas estiveram complicadas em termos de contratação. Todavia, consegui articular com a direção e com os assistentes a carga horária a leccionar, de modo a que nenhum docente fosse excluído das sua funções. / GF - Portanto, há para aí meia dúzia de anos? / JML – Não consigo precisar, mas já era o João Pedro Xavier o Presidente do Concelho Directivo/.

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