7/2/23

Kenneth Frampton: Uma revisita em 2023.

"Kenneth Frampton: Uma revisita em 2023". (por Gonçalo Furtado) Em 28 Junho de 2023, Frampton visitou a escola tendo-nos cruzado no hall térreo junto ao meu gabinete, e surpreendeu-me se recordar de mim e nosso encontro inicial no seu gabinete na Columbia University em 2003, solicitando-me cópia de meu trabalho em Inglaterra em 2008 e nova cópia da publicação de entrevista 2011. Posterior e mais recentemente, a FAUP atribuiu Doutoramento honoris causa a Frampton então, pela pandemia, lamentavelmente não se pode deslocar ao Porto. / A visita de Kenneth Frampton em 2023 visou proferir palestra no Museu da FAUP, coincidindo com uma exposição de desenhos do edifício da escola por alunos (desde 2011?). A presentação do orador foi feita por Joaquim Moreno, director recentemente indigitado para o MIArq na sequência de renhida sessão no CC da FAUP (vd. múltiplas declarações de membros). O anúncio da palestra focava-se num específico projecto para museu Getty nos EUA, em que Álvaro Siza colaborara com o arquitecto luso-americano Peter Testa (anos 80(90s?) / A palestra de Frampton, incluiu uma breve menção ao predito projecto; Tendo-se focado na sensibilidade de Siza expressa no seu desenho e obra construída. Logo no início associou Siza a “The most relevant architect of last century and this century” - (vivo - como acrescido em troca de palavras com Paula Pinto). / Curiosamente, muitos dos pontos fortes da palestra de Siza coincidem com referências que haviam constado na publicação de entrevista na Arq/a 86 em 2010. / i. Na palestra, primeiro, Frampton aludiu ao livro sobre Siza, recomendando nova reedição, por permitir “undesrtand the range of his mind”. Desde logo, como para Siza “culture is a collective undertaking”. Depois, envereda numa exposição ilusutrada por desenhos únicos de Siza, sequência que comenta. Desenhos à mão, característicos a linha, e nos quais frequentemente faz figurar no desenho a sua própria mão desenhando. / A sequência de desenhos de Siza, inicia-se com referência a figuras provavelmente “dele e da mulher”; a Fernando Távora, e ao Abril de 1974 e programa de habitação social SAAL. / Depois com referência a interlocutores internacionais, como (Snozzi?), Vittorio Gregotti, e o projecto para Berlim em 1981. Como salienta Frampton, continuamos a identificar (num tom existencialista) - “the same thing, drawing the hand, drawing the drawing and the hand”. E depois, desenhos com referência a James Stirling (eu diria ilustrativo de impasses aquando pósmoderno); à Galícia; e a uma paisagem com água do mar e silhueta de monte, e casa em Moledo do Minho. Siza então teve de “persuade de client not to do that [i.e. trocar vinhas por larangeiras], to keep it old as it is”. Como Frapmton constata, “Siza is very aware of tradition and what is give to us by the past”. / Salienta-se a habitação unifamiliar conhecida como “casa-bomba” de 1974, em que a resposta ao desejo do cliente de um pátio no limitado lote, é acompanhada pelo desenho de fachada em vidro, implicando um complexo trabalho de carpintarias. / Siza expressa atenção aos aspectos da “cultura e região”. Framtpon recorda indagar Siza “what carpenters could do”; seno que projectava duas casas com carpinteiros respectivamente do norte e do sul do país. / Em termos de habitação social, sendo ainda de salientar a Malagueira em Évora. Frampton percepciona nos desenhos de vista aérea dessa por Siza, um movimento no ou desde o chão, no vazio e “arqueológico”. Recorda-se que o arquitecto americano Louis Khan, punha a questão “o que quer ser um tijolo?, um arco” (na língua original - “what a brick want to be?, an arch”) – enquanto em Siza “o que quer ser o sítio” (i.e. na língua original - What the site want to be”).. O que é expressivo em importante projecto posterior do “Chiado” em Lisboa, pós-incêndio. / Se Siza é sobejamente conhecido por um insistente desenho, interessa salientar a igual sensibilidade da sua escrita (veja-se por exemplo textos como ao da “Farmácia” etc). / Frampton dedica o final da sua palestra na FAUP, a um comentar que passa da projectação de tão característicos desenhos; á leitura de textos escritos de Siza, que frequentemente expressivos da sua abordagem algo existencialista. Excertos incluem: “I am na achitect of small works… I draw in cafes… here… in Oporto … How many cafes I have been? … I move on when I began to fell some sort of stress around …”. / ii. Se eu há 1 mês eu escrevera um texto intitulado “Siza Veira 90 anos: Da sabedoria humilde”, este reencontro com Kenneth Framtpon na Escola do Porto, impele-me a este escrito. E comove-me a insistência das palavras com que se despediu de mim quando estava no museu após término da sua palestra - “I want to get back to you, I will contact you soon”.

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