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In: Marta Olveira, Entre a aquitectura e as artes cenográficas, 2009

Entrevista com João Mendes Ribeiro, Coimbra, 18 de Maio de 2009. / Entrevista com Joana Providência, Porto, 3 de Fevereiro de 2009. / Conversa com Daniel Tércio, Lisboa, 24 de Abril de 2009. / Entrevista com Carlos Nuno Lacerda Lopes, Porto, 11 de Maio de 2009. / Entrevista com Manuel Graça Dias, Porto, 15 de Maio de 2009. / Entrevista com Gonçalo Furtado, Porto, Junho de 2009/: “… Diga-se que na história da arquitectura existem muitíssimos arquitectos que estudaram e adquiriram expertize no campo cenográfico. Trabalhavam para teatro, festas e cortejos … representavam cidades e representação na cidade … socorriam-se de mecanismos como a perspectiva, etc etc …. O carácter multifacetado que possuem os próprios arquitectos, propiciava que servissem também o encargo da cenografia …/ Hoje, enquanto arquitecto, as artes performativas interessam-me do ponto de vista técnico e conceptual … Desde logo, por uma óbvia relação com o corpo, assim como pela existência de uma relação intensa com o espaço .... Interessava só ressalvar o relevo o aspecto da escala … / Recordo que em determinado altura dos anos 1990s houve a ideia de colaborar com a Joana … ideia que me pareceu então muito interessante … tal permitiria a construir uma instalação de pequena escala em ferro … em que a mudança dos componentes resultava numa variedade de espaços …. Um espaço mutante e transitório … Que é uma coisa que, a vários níveis, sempre me interessa na arquitectura. Um certo carácter transitório, crítico, etc. / Não deixa de ser curioso que comecei no domínio dos métodos e técnicas de exposição (já não sei muito bem o nome da coisa) … no IADE de Lisboa. Por essa altura envolviria-me com espaços cenográficos e expositivos … ao serviço tanto do mundo da arte como do comercial. Concebi então alguns projectos, alguns acabaram construídos muitos outros não … / Confesso que nutria um particular interesse pela dança … cheguei a trazer uma coreógrafa para um par de aulas em conjunto no IADE …. Ai os alunos trabalhavam também sobre espaços de exposição … dentro de um reduzido cubo de 3 por 3 metros … pouco maior que a instalação com a Joana portanto ... / Entre os vários projectos em que me envolvi, encontra-se por exemplo a suporte da exposição “Urban Lab” em 2001 … ou por volta disso … em colaboração com a I.Moreira. / Mais recentemente na AA de Londres, concebi com o Pedro Castelo o suporte em madeira para a exposição “Tracing Portugal” apoiada pela Fundação Calouste Gulbenkian … / Esta relação…a da Arquitectura com o mundo das exposições de arte …é relevante … para além da já referida relação com as artes performativas e com o mundo da arte …/ … Interessa-me pois que vejas a minha peça para a Joana em relação com projectos de distintas naturezas que concebi … com as aulas no IADE … em relação com exposições de arte como a que realizei em Barcelona … o facto de conceber as estruturas para suporte de exposições …. Quando não me envolvo ao nível do comissariado …. como aconteceu com a exposição em Londres de 2004 já referida … ou nesta mais recente exposição que visitaste que resultou de uma cooperação com a Universidade de Viena …/ Votando ao inicio, voltaria a salientar a referência ao corpo … a e consciência e presença de tal corpo … E de resto entender a arquitectura pelo corpo é algo que se procurou alertar quando se concebeu o “Arquitectura Prótese do Corpo” … e que encontras em muitos textos meus desses anos …. / Por outro lado, voltaria a referir o múltiplo potencial da prática da arquitectura … disciplina que por tradição histórica lida com o espaço e as qualificações que o conformam - sejam eles a luz, a sombra etc. … É precisamente nessa tradição histórica que identificamos a sua “expertize” do construir materialmente espaços … uma expertize que lhe permite igualmente definir espaços mediante aspectos muitas vezes imateriais … / Passando a algo distinto … à arquitectura e cidade contemporânea … não deixa de ser curioso vê-la criticamente como estando a ser reduzida a uma epiderme superficial … ficando frequente e erroneamente reduzida a uma fachada … que delimita espaços artificializados e pouco pensados …. Quero com isto dizer dizer, que podermos constatar que a cidade pós moderna se tornou numa espécie de theme park … um parque temático … Tratar-se-á neste sentido de uma redução do arquitectónico a uma mera prática de fachadismo … errónea … / Poderíamos também neste contexto … encontrar e estabelecer paralelismos entre as duas áreas … com aspectos positivos e aspectos negativos como se percebe... / …. Da relação entre arquitectura e cenografia pode resultar não só uma aprendizagem com um debate … quando ao controle do espaço … quanto à ficção do sonho assim como quanto às consequências e propósito desse ficcionamento…”. (in: Marta Olveira, Entre a aquitectura e as artes cenográficas, MIARQ-FAUP, 2009, p.)

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