5/21/23

O Espaço do Corpo

O ESPAÇO DO CORPO (por Gonçalo Furtado) I. MEMO Em dias de preparação de sessão “O espaço do corpo” para ciclo da FIMS, revisitei pasta fechada há 20 anos, na qual constavam nota de aula sobre o corpo com Ignási Solà Morales, anotações para alusão ao tema em determinado momento da dissertação de mestrado “Interferências ….”, notas para comunicações orais, artigos e demais. / A 2001 atribui como título de um texto - “O corpo no espaço da técnica contemporânea: Notas da comunicação no Palácio de Pombal, - e anotei tal ter organização pelo “IADE”. / Mais, simultaneamente desenvolveu-se texto, atribuindo em primeira nota de rodapé “O texto que se segue é a transcrição integral de uma conferência intitulada ‘O corpo no espaço da técnica contemporânea’ proferida em 2001 no Palácio de Pombal [em Lisboa]. A conferência abria o painel ‘corpo-espaço’ do Colóquio multidisciplinar ‘Novos interfaces: sobre a face do presente e face do futuro’”; bem como uma ilustração composta por 21 imagens. / (Os estudantes em redor do nº9 da “Nu” nessa o incluíram com mais de 3 dezenas de rodapés/referências bem como extensa ilustração– no fim numa pequena nota não deixando de se se remeter para pequeno livro “Notas sobre o espaço da técnica digital” decorrente da minha anterior dissertação “Interferências…” - bem como evento “Arquitectura: Prótese do corpo” ocorrido na Casa das Artes/FAUP em 2002 – que á frente de novo retomaremos). / Algures entre 2001 e 2003, António Fernando Cascais encetou contactos comigo na Casa dos dias d’Agua etc, manifestando interesse em texto, que incluíram como páginas 283-292 no nº33 da “Revista de comunicação e linguagem” de 2004 que fora organizado em torno do tema do “Corpo” por Cascais com Maria Lucília Marcos da Universidade Nova de Lisboa. : “The body in the space of contemporary technique”, como sintetizado em “abstract”: “The essay ‘the body in the space of contemporary technique’ is an approach to several relevant features of the relation between Body and Space, in order to ponder the civilizational models implied by their representations. / According to the idea of interface, we cast our eyes to the Machine-technique in order to expose the intimate relationship established with the Body, reconfiguring it and mediating its connection to the ‘real’. Nowadays, a socio-techno-cultural mutation, known as ‘informational’, was responsible for the emergence of a new space-time structure that not only reconfigures the public sphere, the city and architecture, but also advocates the substitution-obsolescence of the body itself. / In this context, it is a task for the professionals of communication and design, to explore ina a critical fashion the communicational space generated by technique as a support of the existence of contemporary human body in its real-virtual wandering, and also to conceive new political interfaces towards as ‘expanded body’. “ (in: http.//www.cecl.com.pt/rcl/English/33/rcl133-19_e.html, acedido 23.9.2004). / Em 2001/2002 – ecoando o tema da cibercultura” por detrás de redações académicas anteriores de licenciatura/mestrado, preparou-(publicação com AFeio por exemplo na “Idade da imagem”), outro texto intitulado como “O corpo do espaço da técnica digital”. Constata-se que o texto redigido para inicialmente suportar a comunicação em colóquio no Palácio de Pombal , programado para 2001, se inicia com as palavras que se recorda: “O início de um novo século é historicamente propício à proliferação de futurologias que frequentemente resvalam para optimismo orgásticos ou para prognósticos apocalípticos. Mas o acto de nos debruçarmos sobre o futuro pode ser benéfico se o entendermos como algo aberto, assente numa ideia de Projecto, de reflexão, mais do que em premissas de produtividade. / Reflectir-se sobre o futuro é, mais do que prevê-lo rigorosamente, dar conta das expectativas e opções com que nos deparamos no presente. [vd. A Gomes, J Malheiros e T Sousa, ‘Introdução a Portugal 220, Lisboa: Fenda, 1999] / É com este entendimento que nos propomos abordar ‘o corpo no espaço da técnica contemporânea’ nomeadamente a problemática da ‘Interface’ para o futuro. / Veja-se este contributo como uma espécie de cartografia arqueológica de alguns traços significativos em redor da relação ‘corpo/espaço’, com vista a construir um nicho narrativo onde (ainda) seja possível pensar a contemporaneidade num mundo de incertezas e subjectivismos expresso culturalmente pelos movimentos estruturalistas, hermenêuticos e semiológicos . [Cfr Fernnando Lisboa, WWWarquitectura, 1999-policopiado]. Assumamos portanto que só podemos ambicionar interpretações provisórias que, por vezes, superam a estanquicidade de mapeamentos digitais e formam plataformas de partilha. / É significativo que falando de ‘novos interfaces’, termo que remete precisamente para algo que assegura o relacionamento entre duas entidades, se tome o binómio ‘corpo/espaço’. / Corpo e espaço, atravessam actualmente uma situação de crise conceptual, perante uma simultânea fragmentação e compressão em que se disfumam. (Trata-se, como sabemos, de dois conceitos caros ás práticas do Design e da Arquitectura. O corpo permanece como ‘o problema mais difícil , como diria Heiddegger, e o espaço como algo que foi tão desvinculado do anterior que pensá-lo hoje é apenas possível deambulando nos ruídos históricos que restaram, ecos de um espaço-tempo onde o significado toma lugar. (…) / O corpo, neste âmbito, poderia ser definido como objecto físico que possui propriedades sensíveis e portanto como uma ‘extensão’. Da evidência origina do corpo, cedo resultou uma discussão polarizada entre a ‘carne’ e o ‘espirito’ que, neste âmbito, achamos produtivo contornar. (Recordemos apenas que as disputas tradicionais relacionadas com a relação entre o corpo e alma persistiram.) / Na época moderna, esta acepção foi complexificada, mais precisamente entre os séculos XVII e XIX, devido às mudanças experimentadas no corpo material como consequência de vários desenvolvimentos ad ciência moderna e sobretudo como sequela do mecanicismo. A discussão problemática que se propomos acentua os aspectos da relação do corpo com um mundo que coexiste no seu exterior (Não está pois centrada no corpo e no espaço isoladamente, mas nos modelos civilizacionais que as suas representações comportam”./ A expansão do texto estruturava-se numa sequência pontos: “Corpo/espaço”; “espaço”, “corpo”, “técnica”; “máquina”; “máquina universal”; “máquina digital”; “programa de hibridação”; “restruturação comunicacional”; “pensamento pós-moderno”; “ciberespaço”; hibrid-spaces”; “techno-body”; “corpo-expandido”./ E concluia-se então com as palavras: “Para terminar pensamos que, sem prescindir do manancial intelectual que estas teorizações oferecem, teremos de contornar a perda de afecto pelo corpo e pelo território. Teremos sempre de assegurar que o corpo permaneça um bem insubstituível. (Isto cientes de o imaginário pós-humano, que pressupõe um já não corpo-homem, serve o projecto da tecnociência reduzindo o corpo a objecto-objectivo). Porque ainda que aparelhado tecnicamente, estendido comunicacionalmente, representado telematicamente, é sempre esse corpo que permanece algures que assegura o ‘ponto de existência’ (termo de Kerckhove’ necessário à nossa constituição como ser. [Derrick de Kerckhove, ‘A pela da cultura’, Lisboa: Relógio d’ água, 1999] / Mas retomando o modo como lançámos a problemática no início do artigo, pensamos que no âmbito desta reflexão não nos teremos de centrar no corpo ou no espaço isoladamente, mas nos modelos civilizacionais que as suas representações comportam. / A técnica, com que hoje o nosso corpo estabelece relacionamentos íntimos, gerou uma nova estrutura espacial de comunicação onde também decorre a vida humana. / Como profissionais da arquitectura, do design e comunicação atentos nos problemas da contemporaneidade e não alheios à cultura em que vivemos, devemos abordar criticamente este projecto de trabalho, assumindo a responsabilidade da organização do espaço comunicacional que suporta a existência do corpo humano contemporâneo na sua deambulação real-virtual, e a concepção de ‘novas interfaces’ para um ‘ corpo expandido’.”/ Em detereminado momento, a Mimesis publicou também o pequeno livro “Notas sobre o espaço da técnica digital” (decorrente da minha dissertação “Interferências…”), o qual acabaria lançado em 2002./ E tal dissertação/livro (bem como notas/imagens para conferências no PRI de Nova Iorque) possui ainda ecos no texto “Arquitectura e máquina” que contribuiu (páginas 34-43) para o primeiro número da revista “Nada” que por seu lado acabaria lançado em 2003. O texto estrutura-se em seguintes pontos: “1. Corpo, espaço e máquina”; “2.1. Ressonância I [no projecto]”; “2.2. Ressonância II [na construção]”; “2.3. Ressonância III: [na cidade]”; “3.Futuro: [Apropriação]”./ Já o evento de 2002 atrás mencionado - “Arquitectura: Prótese do corpo” -, esse surge descrito nas páginas 58-67 do número 12 da revista Arq/a; cujas palavras iniciais se recorda: “O evento ‘arquitectura prótese do corpo’, concebido pelos arquitectos Gonçalo Furtado e Inês Moreira com o contributo imprescindível de uma equipe mais vasta, teve lugar durante os dias 15, 16 e 17 de Janeiro na Faculdade de arquitectura da universidade do Porto e na Casa das artes. Este evento procurou atender à centralidade que o conceito de ‘corpo adquiriu no pensamento contemporâneo e tomou-o como uma noção fértil para pensar a arquitectura, não a partir da sua manifestação mais óbvia que é a construção, mas a partir do corpo que a experiência a justifica. Tratou-se de uma plataforma transdisicplinar de reflexão que enriqueceu a arquitectura usufruindo do contributo de várias disciplinas (design, pensamento e ciência, artes plásticas e artes performativas) directamente ou indirectamente relacionadas com o corpo (…) Foi nesse sentido que a arquitectura foi apresentada como ‘prótese’, isto é, uma extensão externa mas íntima do corpo.”/ Mais estrutura-se o texto nos seguintes pontos: “0.1. Conceito do evento”; “0.2. Estrutura do evento”; “1. O corpo sociopolítico (1ªdia)”; “1.1. Comentário ao filme strange days”; “1.2. Conferência de Didier Fiuza Faustino (Paris)”; “”1.3. Mesa redonda sobre o corpo sócio-político”; “2. Corpo tecno-digital (2º dia); “2.1. Comentário do filme Existenz de Cronenberg”; “2.2. Conferência de Carlos Sant’Ana (Barcelona)”; “2.3. Mesa redonda sobe o corpo tecno digital”; “3. Corpo biotecnológico (3º dia)”; “3.1. Comentário ao filme Johnny Mneomonic de Robert Longo”; “3.2. Conferência de Marcos Cruz (Londres); “3.3. Mesa redonda sobre o corpo biotecnológico”; “4. Notas finais sobre o evento”./ E concluía-se então com as palavras: “Como o Gonçalo Furtado referiu, na comunicação de encerramento, […] este evento (como qualquer um) é um pretexto, um pré-texto./ A arquitectura é uma extensão do corpo-homem, a arquitectura é uma manifestação desse corpo-homem, altera-se quando … esse se desloca. Altera-se quando este inventa…formas de se aparelhar. / Se alguma polémica persistir de ver a arquitectura como ‘prótese’, essa decorre, somente de um pré-conceito. / Que se recorde que a prótese não é aqui utilizada com a natureza depreciativa normalmente associada ao termo (só por si inestético) a medicina. Alargamos o conceito. / Como já referimos, é antes vista como algo externo, mas íntimo, e em relação bipolar com o corpo, isso significa, […]que o corpo(obviamente) ‘detém poder sobre este ‘corpo-prótese’. / Mas este corpo (um corpo de definição múltipla e fractal) que sempre persiste, apesar do imaginário pós-humano, é agora descrito por uma multiplicidade de significados. / A sua mediação tecnológica com o que lhe é exterior põe a arquitectura perante um contexto reconfigurado. Com isto queremos dizer que não estamos perante um novo paradigma mas apenas num mundo em que acresceram ‘acumulações’ e, não, que foi substituído. / Neste contexto, a arquitectura pode, e deveria desenvolver uma espécie de resistência criativa, que atenta ao potencial das novas tecnologias, mas que lhe dê uma dimensão cultural e humana. Estamos certos que pesar o futuro é dar conta das expectativas do presente. Pensar comos e constrói o futuro. E, que reforçar o papel-operatividade da arquitectura é demonstrar o seu interesse e eficácia, perante os fenómenos da contemporaneidade. Como sempre (e pensar é sempre provisório) é necessário uma representação ‘alegórica’ que permita desvendar um pouco mais o mundo. O múltiplo. O instável. O intangível. A representação alegórica foi aqui a dialéctica ‘Prótese do corpo’. Prótese não só vista como extensão / substituição, mas como algo tão próximo, tão íntimo que, pensar na prótese-arquitectura e no corpo, separadamente, é impossível. E, assim persistirá, enquanto a arquitectura existir e o corpo continuar a viver, a ter se de abrigado, a sofrer e a amar”./ II./ JOSÉ GIL E ANA GODINHO GIL E O ‘ESPAÇO/CORPO’/ No concernente a “espaço/corpo”, interessa recordar a abordagem de José Gil e Ana Godinho Gil no ciclo FIMS – onde foram palestrantes convidados de uma terceira conversa ocorrida a 20 de maio de 2023, intitulada “O Espaço do Corpo”./ Como apontamento biográfico, sumariza-se: / “José Gil é filósofo. Doutorou-se na Universidade de Paris (1982). Foi Directeur de Programme do Collège Internacional de Philosophie de Paris. É autor dos livros ‘ Metamorfoses do corpo’, ‘Fernando Pessoa ou a metafísica das sensações’, ‘Movimento Total - o corpo e a dança’, ‘A imagem-nua e as pequenas percepções - estética e metafenomenologia’, ‘Caos e Ritmo’, ‘Trajectos Filosóficos’, entre outros. As suas obras foram publicadas no Brasil, Portugal, Espanha, França, Itália e nos EUA”. / “Ana Godinho [é] Professora de Filosofia e Estética, Investigadora integrada do Instituto de Filosofia da Universidade Nova de Lisboa. Mestrado, Doutoramento e Pós-doutoramento em Filosofia. Publicou ‘Linhas de Estilo – estética e ontologia em Gilles Deleuze’ (Relógio d’Água, 2007); ‘O humor e a lógica dos objectos de Duchamp (Relógio d’Água/IFL, 2011; com José Gil) e ensaios, entre os quais: ‘O elemento paradoxal’ (in Potências e Práticas do acaso); ‘The drawing of the winding line in Imagined-Architectures: architectural graphic representation and other images – drawing (…) City (…) Body, Dwelling on Earth’ (2018); ‘Movimentos Imaginados, corpos em Trânsito’ (2018); ‘Scenopoïetes Dentirostris’, ‘Ar’e ‘Jugo’ (in ‘eBook Práticas Performativas em Torno d’O Animal, 2019); ‘Le presque rien qui tourne en ligne d’expérimentation’ (in Agencer les multiplicités avec Deleuze, Paris, Hermann, 2019).” (In: https://fims.up.pt/ficheiros/EEP_2023/Orador_EEP_03.pdf)/ Fig. Ana Godinho Gil e José Gil. / Interessando atender ás palavras dos autores Gil, avançadas em sinopse no âmbito do ciclo do FMIS: "Descreve-se fenomenologicamente o espaço do corpo no plano individual do corpo próprio, e no plano colectivo da inscrição social desse espaço. Mostra-se depois o papel do espaço do corpo no conhecimento e na arte (pintura, arquitectura). Termina-se com uma discussão sobre as transformações actuais do espaço do corpo na era do capitalismo digital (Que corpo? Que espaço?)." (In: https://fims.up.pt/index.php?cat=5#Espa_o__escrita_e_pensamento) / A abordagem do autor no âmbito do FIMS, surgiu então sumariada como infra: “José Gil e Ana Godinho Gil na Fundação Marques da Silva: as palavras de quem se predispõe a pensar - José Gil e Ana Godinho Gil, os convidados da terceira sessão do ciclo Espaço, Escrita e Pensamento, foram desafiados a falar sobre os conceitos de "corpo" e de "espaço". E fizeram-no magistralmente, no passado sábado, a partir de uma condição maior: declarar abertamente que o seu território, o de quem se predispõe a pensar, se encontra em permanente processo de procura. As ideias que partilharam refletem, assim, o ponto em que se situam as suas linhas de pensamento, o seu processo de questionamento sobre uma realidade em contínua transformação, esse lugar onde vivemos, que nos interseta e é por nós intersetado. As suas intervenções traduziram-se numa estimulante reflexão sobre a infindável gama de possíveis que um corpo - individual ou coletivo, natural ou transformado - tem para se projetar e inscrever num espaço que pode ser tangível ou virtual ou pertença do sensível, embrionário ou cósmico, mas que se produz constantemente e está sempre mediado e carregado de intensidades. Indo da micro à macro escala, José Gil falou da projeção de um corpo que tanto pode fazer de uma parede uma pele, como voltar-se para o seu interior, encolher ou dilatar-se. E se para falar do espaço resultante de uma projeção, José Gil cruzou os domínios da arte, em particular da Pintura ocidental, Ana Godinho Gil partiu dos pressupostos expostos por Winnicott em Jogo e Realidade para abordar o conceito de espacialidade livre, com as suas zonas de contiguidade e continuidade, um espaço produtor de diferenças e onde estas se manifestam, um espaço de reciprocidade e, como tal, modificável. Houve ainda tempo para aflorar questões como o impacto transformador das alterações climáticas; a paradoxal contradição que nos dias de hoje se verifica entre o desejo de imortalidade e a vontade de mudança do corpo tradicional; ou até mesmo a substituição desse corpo pelo robot. Ficou a consciência da dificuldade e complexidade desta "viagem mental" a um universo marcado por uma transitoriedade tão rápida e imponderável, que a própria linguagem ainda não a consegue acompanhar. No passado sábado, o espaço da Fundação converteu-se num espaço de pensamento. Este ciclo, organizado e moderado por Gonçalo Furtado e António Oliveira, conta com o apoio da Fundação Marques da Silva e da FAUP”. (in: https://fims.up.pt/index.php?cat=6&lang=1) /
No meu entendimento, interessa salientar-se relativamente a autor e sua abordagem alguns aspectos: i. Biograficamente, como já aludido, provêm da filosofia; e do seu curriculum vitae constam inumeras comunicações, escritos, eventos, e deamis investigações./ ii. Focando o conceito de espaço com o ofício do autor, a relação é algo reconhecida./ iii. E as referências dos autores provêm das áreas em que operam: Em primeiro lugar, a filosofia, Em em grande medida , em segundo lugar, as artes visuais. iv). /José Gil procedeu à leitura da primeira parte de uma comunicação escrita sob o título “Espaço do corpo e arte contemporânea”. Complexa e incluindo uma sequência de referências./ Inicialmente referiu que o “espaço do corpo”, é um espaço que possui orientação, direcções e extensões. O corpo é. Também, um corpo imaginado e “imaterial”./ Já o espaço, não é esse só “distancial”; podendo ser um “estilo” ou não; e ao mesmo tempo é “um médium para transportar os afectos” (sic). Refere “experiências de como se investe um espaço, um quarto, uma sombra”; “um espaço que não é um espaço da geometria projectiva”, mas de outra ordem projectiva, de “investimento projectivo”. Refere ainda haver uma “Tendência natural de projecção/inscrição, de um espaço no corpo”. Mais fazendo referência ao estudo psicanalista por João dos Santos, em que “A criança projecta o seu corpo no desenho” (sic)./ Na segunda parte da sua comunicação, José Gil centra-se na “Arte”, partilhando com a audiência uma sequência de tópicos./ Desde logo: “Podemos ver na Arte uma maneira de tornar actual a virtualidade do espaço do corpo”(sic). Partilha-nos também pretender futuramente desenvolver o tópico em concreto de que “a pintura lida com um espaço não transformado e ela própria o transforma.” (sic) Uma primeira parte faz-se para recordar que a pintura abstracta se foi entendendo como desaparecimento da natureza, ( e) em que a figura humana “desapareceu” (encontram-se entre exemplos de Gil - o Suprematismo de Malevitch ou o Abstracionismo de Kandisnky). José Gil alude a que se acaba com o espaço, mas que tal é simultâneo ao aparecimento de um espaço “interior” de sensações. Mais salientando de resto que, “em verdade, tem-se que a realidade reside nas sensações”. (sic)/ Num segundo lugar ou tópico, identifica um “voltar para dentro de um corpo próprio”, recordando que a percepção tem como condição primária “não vermos os órgãos”. (sic)/ Gil opõe aos ready-mades de Duchamp à escultura de Henry Moore como peça que “erradia forças”. Certo sendo que, no fim dos anos 70s, o vanguardismo “explodiu”, acabou a pintura, e começou a “contemporaneidade”. Já mais recentemente aquando da “arte pós-moderna”, assistiu-se a um reaparecimento da pintura, pintura humana, etc, etc. E como aspectos da Arte contemporânea a salientar se encontra eg a “monumentalidade” (encontrando-se entre os exemplos dados por Gil – Kaspur ou Joana Vasconcelos; parecendo a segunda mais marcada por uma determinada “ornamentação”. / Gil conclui com palavras como: “Experiências fazem-se no limite, e não têm espaço do corpo”.(sic)/ E por fim remata a sua exposição, esclarecendo que a concluir remata para o (ou um) “Espaço da política”./ Já Ana Godinho Gil, teve a generosidade de igualmente preparar uma comunicação escrita. O título incluía a expressão cerne que consistia em “espacialidade livre”, e segundo a própria esclareceu, focava-se sobre um ponto com relação com o que paralelamente fora exposto por José Gil. A tal entendeu dar o nome ou designação de “Espacialidade livre”./ Entre outros aspectos, faz referência à “experiência do bebé”, focando o capítulo 7 e 8 do livro “O jogo e a realidade” de Winnicot. Sugere “Não ver o corpo e o espaço” como muitas vezes. Pelo contrário Ana Gil indaga: “O que acontece a um corpo quando fica sem centro, um corpo…que fica sem casa”.(sic)/ Depois contrapõe em hipótese de: “espaço não como subordinado ao/do tempo, mas como criador”, como “necessário” e onde nos “poderemos deitar”.(sic)/ E num momento subsequente, remota à etimologia do termo espaço. “O espaço do latim spatium pode ser definido de diversas formas…. Uma pode ser a de espaço como extensão, que pode ser medida”.(sic)/ Mais, salienta que o “espaço” não é só determinado entendimento: “É espaço, planeta e clima…, é viável e… planeta”. Já o corpo, recorda-nos que possui uma relação com o caos e o não orgânico. Para mais adiante acrescer a referência a: “um corpo literalmente arquitectura…”, e recordar como em Deleuze podemos ter “superfícies” ou em Bacon “sensações”./ Depois, e perto do fim da sua comunicação, referencia-nos um “espaço do amor”. Terceira área/região em Winnicot, o “entre a mãe e o bebé”, aquando de um “último momento da continuidade e contiguidade”. Sendo que na, passagem para um paralelo com o “planeta”, parece dever persistir uma “confiança do viver” paralelo com o amor do/pelo “planeta”./ Em final momento de diálogo com moderadores/público, José Gil identifica um certo desejo em muitos de saber “vamos para onde”. Especulando acabar com o corpo. Nunca o fez. É uma ponte, sim. (eg alimentos ou bébe etc)./ Esclarece lhe interessar mais uma ideia de “femenologias”, que a “Femenologia”, sendo que a femenologia é um método. Salienta que se tomarmos um Deleuze, ele “não começa com a experiência mas por livros e obras de arte”. (sic) Reforçanddo Gil que “as máquinas não tem sujeito” (na máquina)./ Discorre depois acerca da interpelação em redor do par “actual/virtual”; aludindo a relações com o “agenciamento”. (Por exemplo com o “planeta” que Ana Godinho Gil antes propusera): “Criador e Caos”. “natureza e Cultura”?.(sic)/ Por último, Gil foi interpelado pela audiência sobre o papel do “espectador” na criação da obra de dança, recordando este - entre muitas outros mementos, aspectos da Dança, sua história e teorização, por exemplo como Tisha Brown significou trazer o “espaço do quotidiano” etc./ E, depois, sobre a capacidade de “um corpo genérico” na hora de pensar um “local”. Entre outras referências, Gil recorda a alusão/dimensão “política” constante no momento e rótula com que terminara a sua comunicação. No entendimento da moderação, um entendimento da necessidade do “corpo social”. Mais pareceu esclarecer Gil que “não é possível pensar a partir de um corpo genérico, que é atravessado por múltiplos fluxos - linguísticos etc etc etc”. (sic) Estamos é a “desafazer essas generalidades”, rematou José Gil./ Mais gostaria de remeter o leitor para a interesse do autor, e seu pensamento. Desde logo pela abordagem questionadora aos 3 motes lançados a título de interpelação no ciclo da FMIS – sobre analogia entre espaço em filosofia /arquitectura; a introdução do tempo da existência/experiência, e no que tange à interpretação da própria experiência. Questionamento, que por outro lado, obviamente, implica uma incursão na vasta obra teórico-critica que vem desenvolvendo há décadas./ Da autoria de Ana Gil remete-se sobretudo para o seguinte par de livros: “Linhas do Estilo”; e “O Humor e a Lógica dos Objectos de Duchamp”./ E da autoria de José Gil remete-se para uma imensidão de livros ao longo de décadas que se passa a enumerar: “El Portugal de hoy” (1962); “Metamorfoses do corpo” (1980); “Un'antropologia delle forze: dalle società senza Stato alle società statuali” (1983); “La Crucifiée: scénario” (1983); “La Corse entre la liberté et la terreur: étude sur la dynamique des systèmes politiques corses” (1984); “Fernando Pessoa ou a Metafísica das sensações” (1987); “Cimetière des plaisirs: roman” (1990); “Cemitério dos desejos” (1990); “La Corse entre la liberté et la terreur” (1991); “O espaço interior” (1994); “Monstros” (1994); “Salazar, a retórica da invisibilidade” (1995); “O ensaísmo trágico de Eduardo Lourenço” (1996); “A imagem-nua e as pequenas percepções: estética e metafenomenologia” (1996); “Diferença e negação na poesia de Fernando Pessoa” (1999); “Movimento total: O corpo e a dança” (2001); “Mostri” (2003); “A profundidade e a superfície: ensaio sobre O Principezinho de Saint-Exupéry” (2003); “Portugal, hoje: o medo de existir” (2005); “Sem título: escritos sobre arte e artistas” (2005); “Jorge Martins” (2005); “Corpo impossível: Adriana Molder, Noé Sendas, Rui Chafes (com Orla Barry e Vera Mantero), Vasco Araújo” (2006); “O imperceptível devir da imanência: sobre a filosofia de Deleuze” (2008); “Ao meio-dia, os pássaros” (2008); “Fractura possível” (2008); “Em busca da identidade: o desnorte” (2009); “A Arte como linguagem: A "Última Lição” (2010); “O devir-eu de Fernando Pessoa” (2010); “O Humor e lógica dos objectos de Duchamp” (2011); “Cansaço, tédio, desassossego” (2013); “Pulsações” (2014); “Poderes da pintura” (2015); “Ritmos e visões: José Gil” (2016); “Caos e ritmo” (2018); “Trajectos filosóficos” (2019); “O tempo indomado” (2020); “Cadernos” (2020); “Pessoa denken: eine Einführung” (2020)./

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