5/2/23

"Ressonâncias que habitam o espaço ..." - Conversa de Daniel Tércio com Gonçalo Furtado e António Oliveira - FIMS

In: https://fims.up.pt/index.php?cat=6 "As ressonâncias que habitam 'o espaço do movimento' Daniel Tércio em conversa com Gonçalo Furtado e António Oliveira Na segunda sessão do ciclo Espaço, Escrita e Pensamento, com Daniel Tércio a assumir a função de interlocutor dos organizadores/moderadores Gonçalo Furtado e António Oliveira, a escrita deu lugar ao movimento, a palavra ao corpo que dança. Foi mais uma aproximação ao conceito de ‘espaço’ enquanto tema convergente de diferentes abordagens disciplinares, ideia estruturante e transversal desta iniciativa a materializar em 4 conversas. As Artes Plásticas foram o primeiro território de formação de Daniel Tércio, mas são vários os seus universos de interesse, entre os quais a Literatura (é autor publicado de obras de ficção científica), a Arquitetura (uma atenção presente desde a infância, também experienciada através do seu irmão arquiteto, que o convidou a colaborar em projetos de arquitetura, e uma das áreas de pensamento que o tem vindo a acompanhar), a Filosofia (em particular o campo da Estética) ou a Ecologia (num repensar do conceito de Natureza em sintonia com o caminho apontado por Guattari). Dominante, porém, foi o seu fascínio pela Dança, objeto e matéria de continuado estudo e investigação, de interpelação, de observação, de crítica, de criação e de prática experimental, um caminho de compreensão e de posicionamento no mundo e no tempo em que vive. Interesses que se intersectam e se cruzam, tanto no seu percurso profissional, quanto se tornaram naturalmente presentes nesta conversa que decorreu no Dia Mundial da Dança. A especificidade do momento acabou por lançar Daniel Tércio numa viagem pela história da efeméride e da Dança, explicando a importância de Jean-Geoges Noverre, cujo dia de nascimento foi a 29 de abril de 1727, para a autonomização desta forma de arte, bem como a atualidade das suas ideias. Seguiu-se um exercício de análise do que significa a organização do espaço por corpos em movimento e do processo de construção da Dança, sublinhando o que nele se assemelha ao processo de pesquisa do arquiteto. Falou da escrita no espaço, da coreografia, de como surge e de como pode interpelar tanto os espectadores quanto os próprios intérpretes; do desafio que a cenografia implica com a transformação do espaço cénico, referindo, entre outros, o trabalho de João Mendes Ribeiro e o diálogo estabelecido entre este arquiteto e Olga Roriz; e falou dos figurinos, outra das componentes que interagem com o movimento, citando como exemplo a criação de Picasso em Parade. O conceito de heterotipia, a noção de espaço-tempo, espaço interior ou espaço virtual representaram outras vias de análise da Dança enquanto movimento de um corpo em ressonância com o que o rodeia, da esfera de um corpo que intersecta outros, da pulsação e intenções que sempre orientam a sua deslocação num espaço. E para além dos espaços reais, cénicos e urbanos, passou ainda por lugares distópicos utopicamente imaginados e pelos espaços expandidos tornados possíveis com as novas tecnologias. Os ‘objetos coreográficos’ de William Forsythe ilustraram, por sua vez, a capacidade da Dança intensificar o corpo no espaço, fazendo do movimento e da efemeridade da interação com o público matéria de constante recriação. Mas foram muitas as referências a outros autores, criadores e pensadores que foram surgindo no fluir de uma conversa onde o próprio Daniel Tércio demonstrou na sala como se pode, através do movimento, alterar e condicionar a relação com o espaço. Um conjunto de reflexões a integrar, por fim, o resultado de uma busca por novos ângulos de interação com o espaço-cidade, experiências de aproximação ao urbanismo sensorial, potenciadas pelo confinamento e que nele são se esgotaram, reforçando até, para além da dimensão laboratorial e artística, esse desejo há muito alimentado por Daniel Tércio de que o Zeppelin possa vir a ser de novo uma realidade.”

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