6/23/23

Escola do Porto: Notas dispersas _ II (por Gonçalo Furtado)

2 - Escritos durante o 1º confinamento (2019/2020) a pedido de estudantes/   2.1 – (Sobre Sergio Fernandez): Modernidade e Escola do Porto até aos anos 70/80./ “Sergio Fernandes: Um percurso por entre a arquitectura portuguesa, a ESBAP e a FAUP” Gonçalo Furtado, Escola do Porto, 5 de Abril de 2020. / Sergio Leopoldo Fernandez Santos (Porto, 1937) é autor de um livro que sempre recomendo aos alunos, por duas razões. Por um lado, porque acedem a um “percurso” pioneiro pela história da arquitectura feita neste país, designadamente entre a década em que o autor nasceu e a revolução democrática que viveu. Usa uma escrita clara e de indiscutível rigor para a altura, que sempre nos deve inspirar se pretendemos bem comunicar com a sociedade e com os pares. Por outro lado, porque é teoricamente propositivo, permitindo, em paralelo a tal história, tecer toda uma narrativa que alude à afirmação da arquitectura dos arquitectos que só realmente se veio a conquistar em Portugal com o 25 de Abril. Data marcante, como Sergio sempre enfatiza, tanto politicamente como para a prática disciplinar./ Penso que os alunos nascidos no “millennium”, de hoje, julgarão fascinante determo-nos inicialmente no tempo de estudante e de início da experiência docente deste notável professor emérito da Universidade do Porto (anos 50 e 60), para depois enumerarmos os feitos que se lhe seguiram (até hoje). Muitos feitos académicos, de louvor, mas também muitas obras construídas por aí, não obstante termos de esperar ainda por algumas em curso, como a difícil recuperação de um ex-libris da nossa cidade - o cinema Batalha! Não duvido que, no fim da história, todos os que ainda não leram o livro que sugiro, vão a correr buscá-lo, senão à Biblioteca por email..../ i Sergio Fernandez nasceu na década de 30, tendo ascendência Catalã, o que o levou durante muitos anos a ter de, anualmente, exprimir desejo de viver neste seu país. Teve uma vida aberta, desde cedo acompanhado o pai à moderníssima “Brasileira”, local de tertúlia cultural da cidade. Tendo nascido na transição para a década de 40, viveu até adulto em regime político ditatorial. Altura do “Plano Geral de Urbanização” (1940-1942) de Giovanni Muzio (1893 -1982) e da “Exposição Internacional do Mundo Português“ (1940)[1]. Mas também do ICAT (1947-48), ou do ODAM, que realizou uma exposição no Ateneu em 1951[2], e de arquitectos inovadores, como Viana de Lima ou Arménio Losa[3], com quem Sergio Fernandez de resto viria a colaborar. Grupo militante moderno, como explicitamente definia Cassiano Barbosa: “A Organização dos Arquitectos Modernos (ODAM) tem como objectivo divulgar os princípios em que deve assentar a Arquitectura Moderna, procurando afirmar, através da própria obra dos seus componentes, como deve ser formada a consciência profissional e como criar o necessário entendimento entre os arquitectos e os demais técnicos e artistas.”[4]/ Uma altura também do primeiro “Congresso” dos arquitectos (1948), momento em que a classe reclamou tanto a intervenção moderna na sociedade/território (entenda-se segundo os preceitos da “Carta de Atenas”). Congresso que lhes que veio permitir, como refere Portas no livro de Bruno Zevi, "apresentar ao governo uma imagem de unidade sobre dois pontos importantes: a rejeição do “Português Suave” e a chamada de atenção para o gravíssimo problema da habitação e o papel da arquitectura e urbanismo modernos na sua solução"[5]./ Sérgio Fernandez foi um dos que voltou a escrever sobre este tema, muito recentemente, por altura do já 70º aniversário desse importante evento colectivo,[6]./ Interessante, como sempre. Sérgio Fernandez iniciou estudos na ESBAP nos anos 50. Altura do “Plano Regulador Cidade do Porto (1947-1952)” do Engº Antão de Almeida Garrett (1896-1978) e do “III Congresso da União Internacional dos Arquitectos” realizada em Portugal (direcção de Carlos Ramos, 1953).[7] Altura também do ambicionado “Inquérito” iniciado em 1955 (publicado 1960), e que ousou concluir, contra o que a regime ditatorial pretendia: "Não existe, de todo, uma ‘Arquitectura portuguesa’ ou uma ‘casa portuguesa’. Entre uma aldeia minhota e um ‘monte’ alentejano, há diferenças muito mais profundas do que entre certas construções portuguesas e gregas."[8]/ De resto, o próprio Sergio realizou trabalho de investigação académica inovadora, sobre uma aldeia, que recomendo visitarem, não obstante estar alterada, mal acabe a quarentena: Rio de Onor./ Entenda-se que, em termos de revistas portugueses de arquitectura, teorias e afins, o que existia era: a Arquitectura (1927-88)[9], a Binário (1958-77) e a Atrium (1959-60). A “Arquitectura Portuguesa” aproximava-se do fim, mas nela editavam projectos e artigos já diversificados, abrangendo temas associativos[10], ensino[11], de famosos portuenses como Viana de Lima[12], ou de estrangeiros famosos, como Lúcio Costa, devido à então força detida pela influência arquitectónica brasileira.[13] / Recorde-se que nessa altura na escola, protagonizava Carlos João Chambers Ramos (1897-1969), sim, o que dá nome ao pavilhão lá de cima. Nascido no Porto, foi pioneiro da 1ª geração de arquitectos modernos portugueses (conjuntamente com Cortinelli Telmo, Pardal Monteiro, ou Segurado etc) e que, já em meados dos anos 1920, se interessara por arquitectura internacional, i.e. próxima de Gropious/Bauhaus.[14] Autor por exemplo do Pavilhão do Rádio do IPO (1927- 33) ou do projecto de uma “casa moderna” publicada em 1929.[15] Professor no Porto desde 1940, salvo uma pequena interrupção, Ramos foi director da escola do Porto no período que medeia 1952 e 1967.[16] Atenda-se que Octávio Lixa Filgueiras, quis intitular um texto que redigiu para o o catálogo da a exposição retrospectiva do mestre, na Gulbenkian, Carlos Ramos “A escola do Porto, 1940-1969”… certo é que a escola sempre conseguiu sobrevier, e bem, num processo que Alves Costa chama de “cadeia de fidelidades”. E o mesmo acontecerá após o Covid 19. / Carlos Ramos, é pessoa descrita com os maiores qualitativos, mas interessa sobretudo reter que foi promotor de uma pedagogia moderna ímpar no nosso país, da inclusão dos melhores jovens arquitectos portuenses na escola, como Távora, bem como de uma abertura da escola à cidade e à sociedade mediante as chamadas exposições “Magnas” desde 1952[17], etc. / Acontece que, em 1957[18], foi regulamentada uma “reforma do ensino” que retomava a intenção legislativa de 1950[19], nas agora Escolas com estatuto de curso superiores, ambicionando (com algum desfasamento) uma alegada “cientificidade”. Lamentavelmente, por falta de espaço, deixarei para posterior oportunidade tentar reflectir, sobre a luta posteriormente encetada contra o modelo impresso em tal proposta (entre 1969-74), remetendo por ora tão só para o recente doutoramento da colega Raquel Paulino a que se opõe o premiado livro “Plano b” de Pedro Bandeira. / Retomando a história em mãos, o que me interessa agora contar-vos é que o então jovem, Sergio Fernadez, tinha sido, desde cedo, familiarmente promovido a viajar. Tendo por exemplo memórias do pós-guerra, na primeira pessoa, dado que visitou Londres ainda em ruínas devido à segunda guerra mundial! Por outro lado, desde cedo foi, também um colaborador-arquitecto nos melhores ateliers do Porto, como nos já referidos Viana de Lima e Arménio Losa. Por isso, usufruía de proximidade a arquitectos do que chamavam “CIAM-Porto”, razão porque consegue, ainda como estudante, ele próprio estar presente no CIAM XI em Otterloo em 1959! É certo que Le Corbusier não apareceu, mas Sergio contactou com todos os outros membros, por exemplo Van Eick, Louis Khan, Ernesto Rogers, Cordech, Kenzo Tange, Bakema, etc.[20] Num ano em que Portas explicitamente gritou, desde Lisboa, leia-se: “A responsabilidade de uma novíssima geração no movimento moderno em Portugal”.[21] / ii. Como arquitecto, a obra de Sergio Fernandez integra, pela sua qualidade, preocupação social e competência tecno-artística, o património da arquitectura da escola do Porto e Portuguesa. Entre as obras de Sergio Fernandez da década de 60, gostava de desde já salientar-vos os Edifícios da Pasteleira (co-autoria com Pedro Ramalho, 1965). Em 2010 dediquei-lhe com Ivo Martins “A reflection based on Sérgio Fernandez’s residential projects” (“CITTA 3rd Annual Conference on Planning Research - Bringing city form back into Planning", Porto: UP, 2010, p.26). / Na seguinte década de 70, Sérgio Fernandez passou a leccionar na escola do Porto, sendo que tal foi uma experiência que depois ampliou a vários países, à Holanda (1977-83), a Angola (1981), à Geórgia (1988) ou ao Brazil (1994). Já no que concerne a obras da década de 70, cumpre salientar a sua casa Vill´ Alcina (1971-74), que os alunos costumam visitar no 1º ano e, claro, a coordenação no participação no SAAL do Bairro do Leal! Em 2008, outro ex-assistente de Fernandez, Bandeira (penso que actualmente dirigir o curso de Guimarães), em conjunto com o André Tavares, teceram-lhe tributo: "Só nós e Santa Tecla", editado pela Dafne. E quanto ao livro que aqui vos venho sugerindo, esse proveio das provas de agregação que o professor em causa teve de realizar, atenta a sua carreira, o que deu lugar a uma primeira edição como livro em 1980: “Percurso: Arquitectura portuguesa, 1930/1974”, reeditado pela FAUP em 1985, com prefácio de Alexandre Alves Costa. / iii. Noutra dimensão, mais institucional, chamar-vos à atenção que Sergio Fernandez sempre esteve ao lado da escola, mesmo em momentos seguramente atribulados, como o pós-revolução. Responsavelmente, mal foi necessário, integrou o conselho directivo da escola do Porto, logo em 1976-83, e após a ESBAP ser integrada na universidade, integrou novamente o conselho directivo da escola do Porto, desta incluso como vice-director de 1988 a 1994. Contribuiu ainda, para o desenvolvimento de outras importantes vectores da instituição, designadamente actuando como director do seu Centro de Estudos (1990-97). / No que tange a obras realizadas por esta altura dos anos 80-90, salientaria, por exemplo, o Complexo Turístico e Jardim infantil de Modelo (1980 e 1988), a Residência de estudantes da Expo 98 (1996-98) bem como as intervenções em Idanha-a-Velha (com Alves Costa). / Considero interessante que o segundo livro a que Sergio Fernandez se dedicou, tenha sido dedicado ao colega amigo com quem realizara a sua primeira obra de folgo, décadas antes: "Pedro Ramalho: projectos e obras de 1963-1995" (AAPNorte, 1995). Demonstra uma sensibilidade que sempre expressou enquanto pedagogo-regente de Projecto I até se jubilar em 2006, tanto na FAUP como, ao que sei, na Universidade do Minho (1997-2005). Todos os que tivemos no passado o privilégio de o assistir no ensino, o tomamos ainda como exemplo do rigor, humildade e disponibilidade que deve possuir, em quotidiano académico, qualquer pedagogo. Tenho-lhe uma particular divida. Porque no dia em que me foi atribuída um bolsa de investigação temporária na Architectural Association (de resto investigação que está na base do programa de Teoria 1), me mandou literalmente não recusar porque fazia questão de pessoalmente assegurar as minhas aulas até voltar. Embora tenha regressado passado poucas semanas, foi essa estância que despoletou convite endossado pela University College of London à FAUP para que prosseguisse investigação doutoral, então co-supervisionada com a cumplicidade do Alexandre Alves Costa. Quando novamente regressei, em 2007, o Sergio acabara de se jubilar hà pouco. Mesmo assim, acedeu ao meu pedido para dar a primeira aula aberta “magistral” de Teoria 1 em 2008. Não podia efectivamente ter sido outra pessoa a primeira convidada. Há dois anos, Nuno Portas teve a amabilidade de me telefonar pedindo desculpa pelo cancelamento da aula magistral desse ano que já anteriormente reagendáramos. Este ano o Alexandre Alves Costa viria estar com os alunos presencialmente, vamos ver se conseguimos. / Gostaria ainda de referir que, ao longo dos anos, foi esta mesma generosidade a que me venho referindo, que levou o Sergio Fernandez a integrar a coordenação de inqualificáveis workshops, júris e demais, em variados locais, próximos ou distantes. Sendo que, já em 2004-2005, aceitou uma investigação muito árdua em prole da “Ordem” dos Arquitectos, como chefe da equipe norte do “Inquérito à Arquitetura Portuguesa do Século XX”. Para além de tudo isto, e acrescendo aos dois livros já mencionados, Sergio Fernandez tem sido autor ao longo dos anos de múltiplos artigos publicados em locais de destaque, como a "Wonen Tabk", "Casabella", "Lotus International", "Electa" ou "Architectures à Porto". / iv. Para terminar, gostaria de vos recomendar, pela sua qualidade, uma visita às obras do Atelier 15 realizadas na última década, incluindo o Cine-Teatro Constantino Nery de Matosinhos (2008), os edifícios residenciais em Viana do Castelo (2005) ou o Convento de Santa-Clara a Velha de Coimbra (2009). Qualidade só possível pela competência que é reconhecida ao Atelier 15, mas também à experiência acumulada pelo Sérgio e Alexandre Alves Costa acumulada./ Merecidamente, em 2018, a Associação Internacional de Críticos de Arte/Ministério da Cultura) atribuiu o prémio de arquitectura pelo relevante actividade disciplinar desenvolvida (projectual no seio do Atelier 15 e pedagógica no seio da FAUP). Nesse ano, ainda voltou a arranjar-nos tempo para vir dar mais uma magnifica aula de Teoria 1. Estou certo que manteremos o legado do conhecimento que nos trouxe, tentando atingir sem nunca conseguir a sua rigorosa e generosa qualidade académica. Recordando o riso com que conduziu os acalentados (mas sempre interessantes) debates existentes entre os seus cúmplices assistentes. Sempre que vejo o José Manuel Soares afincadamente a trabalhar, ou a risonha Luísa Brandão pela rua, sinto sempre o seu riso descontraído no meio de nós. / Façamos neste tempo de quarentena o percurso pela arquitectura moderna que o Sergio nos permite através deste livro./ Referências: [1] S.a., “Exposição do Mundo Português”, in: A Arquitectura Portuguesa, Julho 1939, p.10. / Vd. tb: José Manuel Fernandes – Português suava: Arquitecturas do Estado Novo, Lisboa: IPPAR, 2003. / Pedro Vieira de Almeida, A Arquitectura no Estado Novo. Uma Leitura Crítica. Lisboa: Livros Horizonte, 2002. / [2] Organização dos Arquitectos Modernos (ODAM), Inauguração da exposição no Ateneu Comercial, Porto, 1951. / Vd. tb: “Ecos e notícias: ODAM”, in: s.a., Arquitectura Portuguesa, Março 1952, p.23. / [3] Edite Rosa, ODAM: Os Valores Modernos e a Confrontação com a Realidade Produtiva. Barcelona: Escuela Tecnica Superior de Arquitectura, 2015. / [4] Cassiano Barbosa. ODAM Organização dos Arquitectos Modernos Porto 1947-1952. Porto: Edições ASA, 1972. / [5] Nuno Portas, "A evolução da Arquitectura Moderna". In: Bruno Zevi, História da Arquitectura Moderna. Lisboa: Editora Arcádia, 1973, p. 733-736. / Vd tb: S.A. - 1.º Congresso Nacional de Arquitectura, Maio – Junho de 1948. Relatório da Comissão Executiva. Teses, Conclusões e Votos do Congresso. Lisboa: Sindicato Nacional dos Arquitectos, 1948. / [6] Vd. Revelar o património: Congresso nacional de arquitectura 1948-2018, Sacavém: Forte de Sacavém, 2018. / [7] Maria Palla, “Breve história da secção portuguesa da UIA”, in: Arquitectura, Março-Abril 1967, p.50-ss. / [8] Francisco Keil do Amaral (coord.), Arquitectura Popular em Portugal, p. 2. / Este foi recentemente reinterpretado por Pedro Vieira de Almeida que deram lugar a 4 “cadernos intituladas “Dois Parâmetros d e Arquitectura Postos em Surdina. Leitura crítica do Inquérito à arquitectura regional”. (Porto: CEAA, Edições Caseiras/16-17, 2012- 13. / [9] A 1ª série inicia-se em 1927, a segunda em 1946 (enquanto prosperidade do ICAT), e posteriormente uma 3ª, e 4ª série já nos anos 50. [10] S.a., “1º reunião de arquitectos”, in: Arquitectura Portuguesa, N.60, 1957, p./ [11] F. Torres, “A propósito de uma Reunião de estudantes ESBAL”, in: Arquitectura Portuguesa, Março 1952, p.10-11. / [12] Viana de Lima, “O problema português da habitação”, in: Arquitectura Portuguesa, Abril 1953, p.49. / [13] Lúcio Costa, “O arquitecto e a sociedade contemporânea”, in: Arquitectura Portuguesa, Junho 1953, p.7. / [14] Teve um pequeno período de cedência ao português suave do Estado Novo dos anos 40s. / Vd. e.g. Barbara Santos Coutinho, “Carlos Ramos (1897-1969): Obra, pensamento e acção. A procura do compromisso enter o modernismo e a tradição. Dissertação de mestrado. Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2001. / [15] Carlos Ramos, “Casa moderna”. in: A Arquitectura Portugueza, N.17, Novembro 1929, p.21. / [16] Vd. RAMOS, Carlos Manuel; ALMEIDA, Pedro Vieira de; FILGUEIRAS, Octávio Lixa. Carlos Ramos: exposição retrospetiva da sua obra. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1986. / [17] 1ª Exposição Magna. Porto: Escola Superior de Belas Artes do Porto, 1952. / [18] DL 41.362 e 41.363 de 14.11.1957. / [19] DL 2.043 de 10.7.1950 [20] Entrevista gravada. / [21] Nuno Portas, “A responsabilidade de uma novíssima geração no movimento moderno em Portugal”, in: Arquitectura Portuguesa, N.66, Novembro 1959, p.13. /   ensinamentos que tive o privilégio e usufruir e que em parte aqui partilho, a ternura do seu olhar, e a beleza dos desenhos e palavras que nos continua a oferecer. /

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